Soul Rising Fest 2018, Incrível Almadense, 13-10-2018
Witness My Fall | Inner Blast | Scarmind | Revenge of The Fallen | Blame Zeus | Nine O Nine
Witness My Fall | Inner Blast | Scarmind | Revenge of The Fallen | Blame Zeus | Nine O Nine
O desafio era enorme: fazer renascer o espírito dos grandes concertos na grande sala da Incrível Almadense. Foi esse o mote proposto por esta ainda jovem organização, a Soul Rising Productions, que trouxe a Almada um lote de excelentes bandas, garantindo à partida uma das premissas a que se propunham: os grandes concertos voltarem à Incrível.
Logo à chegada, apesar de ainda não haver muita gente no local, já marcavam presença muitas das habituais caras habituais nestes eventos, para assegurar que não perderiam nada desta tarde e noite de concertos.
Foi assim que os ainda poucos mas entusiastas fãs acolheram o belo rock dos locais Witness My Fall.
Começaram a puxar logo pelos trunfos, com a carta forte Bright Light, single que já muitos conhecem, apresentando muitos dos temas do seu álbum 'Rise'.
Começaram a puxar logo pelos trunfos, com a carta forte Bright Light, single que já muitos conhecem, apresentando muitos dos temas do seu álbum 'Rise'.
Agradeceram a oportunidade de fazer parte deste Soulrising, apesar de não serem "do metal" e apelaram aos promotores para voltar a acreditar neste espaço e fazer mais eventos com bandas nacionais.
Outro momento alto, a puxar pela cantoria do público foi quanto tocaram The Edge, que podem assistir neste vídeo, tendo acabado a bela e segura actuação com We Are One.
Após um pequeno soundcheck, uns minutos antes das 17h30 subiram ao palco os Inner Blast.
Poderosos e com o encantamento que a vocalista Liliana já nos habituou, uma vez que têm sido várias as vezes com que nos temos cruzado ultimamente com o gothic metal destes lisboetas (Silveira Rock Fest, Chopper Bar, Louder Than All), rapidamente começaram a demonstrar as suas qualidades, abrindo com a mais pesada Private Nation seguida da acelerada Darkest Hour, que incitou aos primeiros headbangs do dia.
Terminaram com o seu já clássico Insane.
Foi por esta altura que começámos a estranhar não estar a entrar mais público na sala. Os indefectíveis estavam lá desde o início, mas não víamos a sala mais composta. Obviamente que os factores metereológicos terão tido impacto nesta situação, uma vez que já havia ameaça da tempestade Leslie passar pela grande Lisboa. Mas só à tarde houve notícias que falaram no eventual encerramento da ponte e até foram feitos apelos a que se ficasse em casa.
Alheios a isso, às 18h30 subiram ao palco os Revenge of The Fallen, novo projecto que reúne elementos de várias bandas como Cold Steel Device, Stonerust e.Phantom Vision.
Apesar de ainda não contarem com muitos concertos, atacaram forte, afastando alguma timidez inicial que a falta de rodagem em conjunto poderia implicar.
Apesar de ainda não contarem com muitos concertos, atacaram forte, afastando alguma timidez inicial que a falta de rodagem em conjunto poderia implicar.
Surpreenderam-nos com um som poderoso, não catalogado obviamente, que oscilou entre boas doses de heavy metal (do pesado, passe a redundância) com laivos de thrash, onde uma boa entrega do vocalista Cláudio Santos disfarçou algum pouco à vontade ou desconforto, por momentos visíveis na sua cara, face à pouca adesão a um evento ao qual ele deu muito de si, enquanto organizador.
Desfilaram as novas novas malhas do EP "Pareidolia" e dedicaram Memories a "Bifes" dos Simbiose, tragicamente falecido na semana anterior, no regresso do concerto no Festival Bardoada e Ajcoi.
Desfilaram as novas novas malhas do EP "Pareidolia" e dedicaram Memories a "Bifes" dos Simbiose, tragicamente falecido na semana anterior, no regresso do concerto no Festival Bardoada e Ajcoi.
Voltando ao EP Pareidolia, atacaram com Vicious Pride e Spinning Around, apresentando de seguida Tears, uma das suas últimas criações, que nos deixou deliciados com os belos apontamentos melódicos na guitarra.
Terminam com uma thrashalhada à moda antiga, The End of The World.
Pelas 19h30m chegaram os Scarmind, que continuam a mostrar o seu EP Newborn, que já pudemos testemunhar ao vivo num par de oportunidades. Aparentemente mais rock leve e melódico em disco, as malhas de Newborn ganham uma nova vida e peso quando são apresentadas ao vivo.
Prova disso foi o forte arranque com Greater, onde mostram todo o peso do seu rock com laivos de metal. A banda mostrou estar em boa forma, com a novidade Pedro Rijo na bateria, que entretanto foi confirmado como novo membro da banda.
O vocalista Quim Ventura, outro dos organizadores da noite, soube estar sempre acima do turbilhão de emoções que a organização de um evento acarreta, e mostrou-se descontraído e comunicativo.
Também não deixaram de prestar a devida homenagem ao "Bifes" dos Simbiose, dedicando-lhe Things Left to Say, na voz e guitarra de Márcio Belezas.
Do Better antecipou um final bem trabalhado para encerrar como deve ser um concerto, se bem que prolongou talvez um pouco de mais a sua actuação, o que encurtaria o intervalo para o jantar.
Foi precisamente nessa pausa, quando estávamos a repor calorias, que soubemos do cancelamento da actuação dos The Temple, que não terão conseguido chegar ao local do evento devido à tempestade.
Tempestade que pelos vistos estava a poupar Lisboa e Almada, tendo-se encaminhado para norte pela costa atlântica, norte de onde vieram os nossos já há muito conhecidos Blame Zeus, que assim retomaram os horários, às 10h.
Mais algumas almas se juntaram ao público, mas ficou realmente um amargo de boca de ver tão boas bandas, inclusivé fazerem tantos quilómetros, para estar a tocar para tão pouca gente, cenário amplificado pela grande dimensão da sala.
Mais algumas almas se juntaram ao público, mas ficou realmente um amargo de boca de ver tão boas bandas, inclusivé fazerem tantos quilómetros, para estar a tocar para tão pouca gente, cenário amplificado pela grande dimensão da sala.
Mas se há quem não dê o braço a torcer em palco, são os Blame Zeus, que começaram a desfilar irrepreensívelmente as suas grandes malhas, atacando logo a jugular com Slaughter e com a contagiante Speechless.
Sandra Oliveira domina o palco como nunca antes, e é acompanhada pela exímia capacidade dos seus colegas, que transformam todos os momentos em algo precioso e imperdível.
Clocks e Moth trazem toda a melodia que os caracteriza, tendo depois apresentado a nova malha Dejà Vu. Não querendo parecer repetitivo, a forma irrepreensível com que os temas foram sendo executados deixou o público extremamente agradado, tanto que após terem encerrado o concerto com Miles e a seminal Apprentice, foi-lhes exigido um encore, que foi bem acedido pela organização, presenteando-nos ainda com Falling of The Gods e All Inside Your Head, para terminar assim um dos melhores concertos que lhes assistimos.
Apresentando o seu único trabalho de originais "The Time is Now", a banda formada por Tó Pica e da qual fazem parte experientes músicos como Sérgio Duarte (RCA, Sérgio e Animais) e Arlindo Cardoso (Low Torque, Pântano) , começaram com a faixa que dá nome ao álbum numa toada mais melancólica, para logo a seguir revelarem toda a sua pujança em Find The Way Back Home.
Continuando a apresentar o seu trabalho, quase na íntegra, numa actuação tecnicamente irrepreensível, com Tó Pica a encher o palco interagindo sucessivamente com os seus colegas, que mesmo inadvertidamente o mostrando, estariam ligeiramente desapontados face à expectativa criada de uma noite em grande na Incrível Almadense.
O momento de singalong chegou quando tocaram Never Let Me Down Again, cover de Depeche Mode, numa versão vestida de cabedal, terminando pouco depois a actuação numa noite que não correspondeu ao que se pretendia. Bons concertos sim, houve. Mas para recriar os grandes momentos daquela sala é preciso o ingrediente fundamental, o público.
Nós também saímos com sabor amargo na boca, uma vez que fazemos questão de mostrar a importância que têm estes eventos com bandas nacionais, e que por vezes não são correspondidos, se bem que, neste caso especifico, parte se deva às agravantes naturais, mas não só, obviamente.
Dito isto torna-se ainda mais importante elogiar quem arrisca neste tipo de organizações, dando os parabéns à Soul Rising por esta iniciativa e desejando que passo a passo, possam construir mais eventos semelhantes. A produção esteve de nível, com todas as condições para as bandas, excelente som, grande palco, talvez faltando apenas mais um pouco de iluminação no mesmo.
Texto: Nuno Santos
Fotos: Joana Marçal Carriço