A chegada a Benavente fez-se tranquilamente. A quantidade considerável de carros estacionados fez-nos perceber imediatamente que estávamos perto do local onde se realizaria o concerto. No entanto e talvez
por termos chegado cedo, o bar estava ainda um pouco vazio. Algumas pessoas iam entrando, saindo e outras simplesmente aproveitavam o tempo de espera para irem confraternizando ao som de Pantera, Metallica, Marilyn Manson, entre outros nomes conhecidos do mundo do Metal.
O Side B, o bar onde se realizou o concerto fez o seu terceiro aniversário. Foi neste espaço, dedicado à realização de concertos de bandas nacionais e internacionais que, em parceria com a Notredame Productions e segundo as palavras do seu proprietário, Carlos Freitas, já subiram ao mesmo palco centenas de bandas, podendo destacar-se Heavenwood, Bizarra Locomotiva e a nível internacional, Tankard, Entombed e Kampfar, esta última que mereceu um maior destaque por parte de Carlos, devido à intensidade do mesmo. Nesta noite, o palco seria de RAMP.
Ao fim de algum tempo, vimos alguns membros da banda entrar no espaço. A hora de início do concerto começava a aproximar-se. Tó Pica, o guitarrista, andava pelo meio do público com a sua boa disposição habitual, enquanto o tempo para o início do concerto ia diminuindo. Foi perto da meia-noite que se ouviu o primeiro som de guitarra e se realizaram os últimos pormenores do check-sound. Em poucos minutos o espaço ficou composto. RAMP
(origem nas iniciais dos nomes, dos membros fundadores: Ricardo, António, Miguel e Paulo), são uma banda de Metal formada em 1989, no Seixal e obteve o seu grande sucesso comercial, com a faixa "For a While". Já fizeram primeiras partes de grandes bandas, tais como Sepultura, Metallica, e mais recentemente participaram no Rock In Rio 2010, onde partilharam o palco com Hail. O seu último álbum “Visions” foi lançado há dois anos, e foi no Music Box em Lisboa que deram início à tour de lançamento do mesmo, a “Subversion Tour”.
O concerto ia começar. O som de “Blind Enchantment” encheu o espaço já recheado de fãs, dando início a um concerto de grande intensidade, s
eguida de Insane, How, Single Lines e Dawn. Continuando a dar prioridade ao último álbum “Visions, foi com a pergunta “Estão com frio?” que Rui respondeu “Eu estou” e deu entrada para a música “The Cold”. Após “Clear” e “Folow You”, Rui fez a apresentação para a música “Mith” com uma dedicatória a todos aqueles que querem aparecer nas revistas cor de rosa e apenas se preocupam em ser famosos. Ao longo da música, Rui, ia fazendo poses e expressões, satirizando o mundo da fama instantânea. Depois, seguiu-se um momento mais calmo com a música “Alone” começando a partir daí a viagem pelos temas mais antigos da banda. Em Hallelujah
o público recomeçou a aquecer, e acabou por fazer o primeiro mosh da noite na música que se seguiu a essa, “Anjinho da Guarda”. A partir deste momento, já todos os membros da banda com a excepção do vocalista, tocavam sem t-shirt e a zona em frente ao palco era reservada para o mosh e crowdsurfing enquanto tocavam Drop Down, All Men Taste Hell, Noone, Come, Thoughts e Black Tie, sempre com grande intensidade e participação do público, que cantava e que gritava “não” sempre que o vocalista perguntava: “Estão cansados?”.
Rui agradeceu o convite do proprietário do espaço, deu-lhe os parabéns pelo trabalho que tem sido realizado ao longo dos últimos três anos e acrescentou que não era apenas o Side B que fazia anos, mas também o guitarrista de Ramp, o Ricardo Mendonça. Tocaram “Through” e saíram do palco.
O público queria mais e ninguém se mexeu do seu lugar, chamaram por Ramp e não se fez silêncio enquanto a banda não voltou a subir ao palco, que nesse momento tinha já quatro bancos alinhados no mesmo.
A surpresa da noite, reservada para os fãs, estava à nossa frente. Uma música que não tocavam há alguns anos e que foi tocada com os seus membros sentados, “For a While” foi um dos momentos altos da noite. Seguiu-se ainda a sua versão de “Walk Like an Egyptian” das Bangles
que incluiu os solos de Ricardo Mendonça e Tó Pica nas guitarras, seguido de um solo de bateria de grande intensidade pelo Paulinho.
Ainda no Encore, tocaram a música "Ace of Spades", dos Motorhead, relembrando o momento em que o fizeram no Rock In Rio, com os Hail. Terminaram o concerto com “Try Again
” e é nesse momento que Rui, Ricardo, e Pica vão para o meio do público. Foi no meio dos fãs e amigos que calorosamente acolheram os membros da banda e é no meio de abraços que deram por finalizada uma noite que, nas palavras de Rui, foi de “Rock N’Roll” onde o seu espírito e as boas vibrações foram sentidos, tanto pelo público, como os membros da banda. Para Tó Pica, no seu espírito humorista, o concerto resumiu-se em “duas palavras: Bru-Tal”. Para Ricardo foi a sua “Melhor festa de anos” e para Caveirinha “uma sauna” tal era o calor humano e a intensidade que se fazia sentir no local. Foi assim que terminou mais um concerto de uma grande banda nacional que independentemente de todas as dificuldades no meio, tem lutado e resistido ao longo dos anos e tem continuado a presentear os fãs e amigos com momentos como este.
Reportagem: Miriam Mateus
Fotografia: Nádia Dias