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22/05/2019

[Report] Morbid Fest com I Am Morbid, Atrocity, Vital Remains, Sadist e Arcanus | 12 Maio 2019

O passado dia 12 de Maio, um domingo bem solarengo, deu mote para uma tarde/noite de death metal brutal, ostentando 5 bandas que completavam o cartaz do aguardado "Morbid Fest".  As portas do LAV - Lisboa Ao Vivo abriram às 18h, hora também que começou a primeira banda, já com algum público [o mais pontual] ansioso pelo que estava prestes a acontecer.
A organização viu-se obrigada a antecipar o início das hostilidades em meia-hora e, consequentemente, já só cheguei a tempo de assistir às duas últimas músicas dos Arcanus. Não podendo descrever a prestação desta banda espanhola, acrescento apenas que eles acompanharam esta Tour desde Espanha, onde também tocaram em Barcelona, Madrid e Múrcia. Vieram cá apresentar o seu EP "Omen", saído em Novembro do ano passado.


A sala ainda estava dolorosamente vazia quando a banda de death metal progressivo italiana, Sadist, subiu ao palco... Além de trazerem na sua bagagem alguns temas que foram construindo no decorrer da carreira, iniciada algures em 1990, mostraram também o seu mais recente trabalho "Spellbound", lançado perto do final de 2018. O vocalista Trevor Nadir entrou com um ar imponente e demoníaco com a sua máscara e avental em couro. Um visual muito ao estilo do filme Texas Chainsaw Massacre, em que nem a dita motosserra faltou. Teatrais à vista e, ao ouvido, ofereceram o seu death metal técnico e progressivo, em que o protagonismo de Nadir foi dividido com o multi-instrumentista Tommy Talamanca que ora tocava guitarra, ora tocava teclas... e, às vezes, tocava os dois instrumentos quase ao mesmo tempo, dando aquele ar de it's so simple! O público, esse, correspondeu ao que se estava a passar em palco e, por assim dizer, o aquecimento musical estava feito.


Ao contrário do que estávamos à espera, tendo em conta o resto da Tour, a banda que se seguiu foram os Vital Remains, premiados já com a sala mais cheia e próxima do número máximo que haveríamos de ver durante a noite. A banda sofreu uma enorme mudança desde a sua criação em 1988, onde o guitarrista Tony Lazaro é o único membro original. 


Uma coisa é certa: é impossível para o público ficar indiferente ou mesmo quieto a assistir a um concerto de Vital Remains. Aliás, o vocalista Brian Werner nem o permitiria. Este mostra a paixão pela sua música em palco, sempre com aquele olhar meio enlouquecido, que provoca e incita a plateia ao moshpit e a alguma violência à mistura. O próprio Werner, incapaz de se cingir ao palco, invadiu o balcão do bar e até fez um stagediving  da varanda superior da sala directamente para os braços dos fãs que, a esta altura, já estavam em êxtase. 


Não faltaram os temas favoritos de muitos presentes, entre eles, Dechristianize, Icons Of Evil ou Hammer Down The Nails. Provavelmente, foram estes os temas que mais instigaram à rebelião. Apesar de uma formação recente, a coesão de todos os membros em palco é bem visível, com Tony Lazaro como base e suporte da banda, apoiado  por Caio Keyayan na outra guitarra, Chris Dovas na bateria e as linhas de baixo destruidoras de Collier. Este foi, sem dúvida, um dos momentos altos da noite e encheu, com toda a certeza, os corações dos fãs de death metal.


Feita a mudança no palco, as luzes voltaram a diminuir, anunciando o colectivo que se seguia: os  Atrocity. Os alemães subiram ao palco com as suas pinturas de guerra e com a missão de continuar a animação que a plateia havia sentido com a banda anterior.
Sem dúvida que o público estava mais ávido de temas antigos, da época de death metal mais old school da banda, do que propriamente dos temas mais recentes, que roçam as sonoridades mais góticas. Mas, como seria de esperar, os Atrocity cingiram mais a sua prestação no seu último longa-duração "Okkult II", executando, entre outros, Shadowtakers e Masters of Darkness. Mas nada se comparou à reacção dos fãs quando soaram temas tais como Blue Blood ou Fatal Step, este último retirado do álbum "Hallucinations",  que data 1990. Alexander Krull é um frontman muito competente com os seus guturais potentíssimos, que incitou o público a criar algum movimento em frente ao palco. Notoriamente, os Atrocity disfrutaram bastante dos minutos que lhes foram concedidos.


Era chegada a hora da banda, razão da existência de um "Morbid Fest", acontecer: os I Am Morbid. Para mim, que nunca vi Morbid Angel ao vivo e a cores, os pioneiros do death metal, quase parecia um sonho estar perto de assistir ao que de mais semelhante pode existir no mundo. E ainda para mais com David Vincent, da formação principal de Morbid Angel, a liderar as trupes. Consigo trouxe o baterista Tim Yeung, que também pertenceu a Morbid Angel em determinada altura, e os guitarristas Bill Hudson e Kelly McLauchlin.
Na descrição do evento, foram-nos prometidas músicas dos quatro primeiros álbuns de Morbid Angel"Altars Of Madness", "Blessed Are The Sick", "Covenant" e "Domination", ao que David Vincent agiu "by the book", tocando apenas as "velhinhas" escritas por ele próprio. Como se isto fosse pouco... Só não entendi a razão do evento não esgotar!
David Vincent não se poupou, com vozes do mais limpo, ao mais cavernoso e maléfico, nunca descurando o baixo... deixando todos os pêlos do nosso corpo arrepiados! A actuação iniciou-se com Immortal Rites. Seguiram-se Fall From Grace, Visions from Darkness e Blessed Are The Sick. Não podia faltar a música homónima I Am Morbid e God Of Emptiness, do disco de 1993, "Covenant". Yeung e os guitarristas foram super competentes desde o primeiro ao último minuto.


Os fãs corresponderam ao poder sonoro que se passava em palco, com frenéticos e violentos moshpits, não descansando um segundo sequer. Para quem lá esteve, o concerto soube a pouco... mas tudo o que é bom, tem um fim!

Quando a sala do espectáculo estava já a ser "desmontada", tive o prazer de conversar com vários músicos das várias bandas da noite, ao qual agradeço a simpatia dos nossos "irmãos" brasileiros Bill Hudson (I Am Morbid) e Caio Keyayan (Vital Remains), assim como as palavras trocadas em português com o "meu primo" (kidding!) Tony Lazaro, que tem a sua origem na Serra da Estrela.

Fica também um agradecimento e uma grande salva de palmas à Amazing Events por terem trazido tão valiosa tour até Lisboa. A ratio de cerca de 200 pessoas não fazem jus à qualidade do evento, mas todas elas foram para casa com um grande sorriso nos lábios. Foi uma honra fazer parte disto! I Am Morbid... too!


Texto: Sabrine Lázaro
Fotos: Ricardo Branco
Todas as fotos aqui: I Am Morbid

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