Maratona entre o punk, rock e metal. Foi assim que se deu a apresentação do novo álbum “Trapped” dos SIMBIOSE, no passado dia 11, no espaço RCA Club, em Alvalade. Para acompanhá-los neste evento subiram também ao palco os DIABOLICAL MENTAL STATE, SARNA, ACROMANIACOS, DOKUGA e DOLLAR LLAMA.
O evento marcado para começar às 20h30, tinha a essa hora ainda uma casa muito tímida. Se por um lado fizeram uma boa aposta em começar cedo pois teriam que gerir o tempo entre 6 bandas, por outro lado o facto de coincidir com a hora da “janta” tem destas coisas.
Meia hora então depois do previsto os lisboetas DIABOLICAL MENTAL STATE (que fizeram este mês 4 anos) subiram ao palco com todo o gás e energia, não se deixando intimidar por um público disperso. A banda lisboeta de groove/thrash metal foi aos poucos quebrando o gelo, convidando até em tom de brincadeira os parzinhos a dançarem as “baladas”.
Na malha “The Village” o vocalista Fanã surpreendeu o público ao acompanhar a música com um djembê, algo que ainda não tínhamos ouvido, acrescentando uma nuance mística diferente ao habitual. O set foi composto pela habitual “Intro-Diabolical”, seguindo-se “Long Way Down”, “The Village”, “Breaking the Meaning”, “Every Time”( não contida no E.P. Basic Social Control) , “Warfare” e “D.M.S. Crew”.
Em ritmo acelarado chegaram os SARNA, a banda de punk/hardcore de Leiria, que conta com quase 20 anos de existência. No percurso a “terror tribe” (como são conhecidos) destacaram-se no panorama nacional ao serem a primeira banda portuguesa de hardcore com um cd-demo gravado, “Terror of Trashcore” (final de 1997). Após uma ausência de mais de uma década (2000 a 2013) voltaram a unir-se graças à união dos elementos e apoio dos amigos.
Fomos brindados com guitarras aceleradas, uma bateria pujante e na voz uma força contra o sistema. Tocaram “Amigos verdadeiros”, “Governo!”, “Corja!”, “O futuro que desejas!” (música nova), “Rápidos demais para vocês”, “Politicamente correcto”, “Vida de merda!”, “Terror Tribe of Trashcore!”, “Solidão”, “Solta a raiva que há em ti!” (música nova), e terminaram com “Anarquia”. Embarcado na adrenalina o vocalista Sabino despediu-se do público virando-se de costas e desnudando as “nalgas”.
Chegada a vez dos ACROMANIACOS já se notava uma casa mais composta. Esta banda de punk rock, oriunda da Bobadela (Loures), juntou-se no início da década de 90 e conta com alguns EP´s e álbuns gravados. Os elementos da banda carismáticos e arrojados como já nos têm habituado, apresentaram-se trajados de vestes religiosas.
Contagiaram um público com a sua atitude condimentada e músicas já gravadas nos ouvidos, como “Cherne Laranjinha”, “Subtil”, “Chop-Suey de Cão”, “Cabidela Ninja”, “Piriquito”, “Av.5 Outubro”, “Battega”, “Ar, Cu & Ris”, “A Cor do Céu”, “Bolachinhas Nuku”, “A Galinha dos Dentes de Oiro”, “Judas, Cão de Deus”, “Macaco”, “Bush Bush”, “Florimerda”, “A Abelha Maia é uma Puta” e “O Homem Merda”.
Seguem-se os DOKUGA, banda do Porto de D-beat/Punk poderoso, com elementos bastante experientes, que deu os primeiros passos em 2007. Donos de uma descarga de revolta social, as suas letras apontam o dedo para temas flagrantes como miséria, guerra, questões religiosas, injustiças do dia-a-dia.
De notar também uma forte imagem através do visual ”rebelde”dos elementos, remontando às origens do movimento punk. O seu sarcasmo percorreu os temas “Fogo Cruzado”, “Nunca Acaba”, “Ânsia de Perder”, “Fantasy Island”, “À Espera de Morrer, “Velha Senhora” , “Estas Ruas”, “Manchas de Sangue”, “Caminho do Mal”, “Cicatriz”, “Horror ao Vazio” e “Glória ao Vício”.
Dá-se a chegada do rock alternativo e bruto dos DOLLAR LLAMA, banda lisboeta com 13 anos. No percurso contam com cinco prémios de concursos de bandas, demonstrando o potencial que a banda transborda. A cada malha iam aumentando a sinergia com o público, que se rendeu a uma entrega delirante dos elementos.
Por alturas, fechando os olhos, a voz poderosa de Tiago Simões tinha umas nuances que encaixavam em Godsmack e Rob Zombie. Actualmente a banda dispõe também de uma edição limitada de cerveja artesanal, a Almighty Red, com uma imagem muito atractiva, inspirada na música que irá constar no próximo álbum. Ideia genial! Com ou sem cerveja a plateia não parou ao som de “Massive Agressive” (nova), “Blood Thunder”, “Never Forgive Never Forget”, “Jaws” (nova) e “DeathBlow”.
Tudo a postos para os anfitriões da noite dominarem o palco. É altura dos SIMBIOSE mostrarem a sua garra num som que percorre o crust/metal/punk.
Bastaram aparecer para o público delirar. Não é para menos, trata-se de uma banda lisboeta que conta quase meio quarto de século de existência, com experiências de diversos palcos nacionais e estrangeiros (Europa e Brasil). São já 6 os álbuns desta banda, a contar com este lançamento de “Trapped”. Este disco é resultado de um percurso que amadureceu a banda, trazendo um ar fresco mas repleto da mesma atitude que tem vindo a conquistar fãs por vários pontos do mundo. Apresentaram-se com um som mais limpo, mas não menos pesado do que estamos habituados.
A sua dinâmica entre um som poderoso e uma seta apontada ao sistema que nos rodeia potenciou um público activo e envolvido. Ouvimos “Ignorância Colectiva” e “Acabou a Crise, Começou a Miséria” a abrir, passando por “Buried Alive”, “Abismo” (vídeos abaixo), “Modo Regressivo”, “A Solução”, e terminando com “Parados, Humilhados e Calados” e “Betrayal”, de entre de cerca de duas dezenas de temas tocados.
Nota positiva para uma noite envolta em boa música, ambiente bastante agradável e convívio, num espaço que recebe sempre muito bem tanto bandas como público.
Texto: Inês Matos
Fotos (ver aqui todas): Joana Marçal Carriço
Vídeos (abaixo): Nuno Santos
Agradecimentos: Anticorpos Portugal