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19/08/2019

[Report] O dia em que os ventos de norte invadiram o Laurus Nobilis Music Famalicão - Dia 27

Está prestes a fazer um mês da nossa passagem pelo Laurus Nobilis Music Famalicão mas as lembranças ainda estão frescas e temos ainda muitas coisas para contar!

Não é porque um festival acaba que nos desprendemos das experiências vividas durante o mesmo e guardamos carinhosamente todas as memórias que o evento nos deu e apreciamos ver o seu impacto no nosso meio onde ainda são lançadas várias publicações atualizadas sobre o que aconteceu, sendo um tema ainda muito presente entre a família metal, que não faltou!
Laurus como temos vindo a referir, está cá para ficar e a cada edição a evolução é notória e é igualmente de louvar este evento pelas diversas atividades apresentadas de portas abertas a qualquer público, durante a semana em que decorre esta festa minhota!

O corre-corre entre eventos obriga-nos a todos a dividir-nos entre este trabalho voluntário para os nossos media e o que realmente paga a despesa de um festival e nem sempre o tempo permite-nos acompanhar o ritmo acelerado em que hoje saem as reportagens deste tipo de eventos. 
Contudo, penso sempre no público que ainda não teve a hipótese dos experiênciar e que merece uma descrição mais detalhada de alguns momentos e um olhar mais próximo dos festivaleiros, a fim de dar informação suficiente para conquistar os nossos seguidores e convencê-los quiça a participarem.
Pois todos concordamos que sem o público os eventos não acontecem e o meu objetivo principal com estas humildes reportagens é divulgar e informar almejando criar expectativas e curiosidade nos que nos lêem, para que no evento seguinte não faltem! 

Posso falar pela região norte que tem consolidado a sua posição entre os grandes festivais metal nacionais e que é hoje notícia em muitos canais oficiais e estes eventos representam hoje uma das maiores actividades culturais e turísticas do país. 

Agradeço assim humildemente a oportunidade de ter feito parte dos 'escribas' do meio que ajudou a essa grande evolução ao longo destes últimos 5 anos onde dei sangue e suor pela divulgação da música tal como toda esta grande família metaleira nortenha! 
Obrigada nomeadamente à SFTD e às organizações do norte, a irmandade do aço e ferro, que sempre nos receberam muito bem!

No dia 27 tive de me ausentar do recinto logo de manhã cedo e quando voltei 'ao trabalho' em frente aos palcos já tinham tocado várias bandas nacionais no palco CEVE e no Gallicia.
Contudo enquanto me preparava no camping, fui ouvindo as reações dos que chegavam entretanto e vinham às tendas buscar agasalhos e mais membros da tribo para se juntarem à festa no recinto.

Segundo os campistas, os Besta, que vieram substituir os Primal Attack que tiveram de cancelar o seu show, foram brutalíssimos na sua actuação.


Também os Tales For The Unspoken, em nova fase de vida da banda (ndr: após o anúncio da partida para o estrangeiro do guitarrista fundador Nuno Khan)  deram um bom concerto,  tendo em conta as várias condicionantes que, e conforme anunciou a banda, poderiam ter sido impeditivas de efectuar a sua actuação, não fosse a ajuda e colaboração do guitarrista Rui Alexandre dos Terror Empire/Mosher (ndr: tocou baixo, uma vez que foi o habitual baixista Nuno Raimundo a tomar conta da guitarra).
Contaram também com a participação especial do Miguel Inglês dos Equaleft no tema "I, Claudius" (video abaixo).

Mais uma bela aposta da organização nas excelentes escolhas das bandas nacionais deste cartaz.
Apressadamente uni-me à família quando os Gwydion subiam a palco e foi interessante ver o aumento do número de pessoas nessa tarde no espaço do evento.
Enquanto percorria o corredor entre o camping e os palcos decorriam mostras de folclore, de instrumentos, tatuagens e outras artes e olhando em redor havia uma mescla de cores vivas dos trajes minhotos em comunhão com os modelos góticos que desfilavam as suas caracterizações e roupas exuberantes.
A caminho da 'arena' a tribo trocava entre si sorrisos provocados pela diversidade das coisas interessantes e bizarras que aconteciam à nossa volta e sentia-se um ambiente tolerante de alegria e a satisfação de todos. Mais uma vez venho ao Laurus e de facto confirma-se que o ambiente familiar e diverso é a sua marca registada 'têm de tudo e não falta nada!', usando uma expressão bem minhota!

Os Gwydion são uma das bandas convidadas para o nosso cartaz do Back to Skull que se realizará no próximo dia 12 de Outubro no RCA Club em Lisboa e não podia deixar de os ver ao vivo pela primeira vez e aqui na minha região como que em modo teste e antecipar a festa que andamos a preparar para vocês!
Nunca imaginei que fosse assim, as minhas expectativas eram altas pelo estilo folk metal que iria ouvir e era com certeza festa garantida, mas não fazia ideia do que iria acontecer depois.
O vocalista Pedro Leal Dias, acabadinho de se casar com a Mafalda Redondeiro vocalista dos Karbonsoul aka Muffy para nós amigos, chega ao Laurus com o maior sorriso do mundo, vestido com o seu kilt e com a banda também vestida a rigor, subiram todos a palco prontos para conquistar a horde! E assim foi!

A banda inicia o seu set e imediatamente se junta a família aos pulos em modo dança celta em frente ao palco com o recinto quase cheio entusiasmando-se com o que ali se passava e a crowd rejubilou! Quando a banda pediu ajuda com o tema 'Strenght Remains' os fãs acompanharam o vocalista cantando numa só voz! Momento brilhante!
O momento em que os fãs se sentam no chão a 'remar' foi também um dos que marcou este concerto. O gesto foi criado num concerto de Amon Amarth em 2009 e representa uma alternativa segura ao Wall of Death e que designaram de "remo épico viking".
Não terá sido isso o que os fãs quiseram fazer com este Viking Boat, apesar de fazer algum sentido o seu significado com tantas crianças cada vez mais a aparecerem no meio da multidão nestes eventos mas foi antes, uma forma dos fãs brincarem juntos e com a banda em forma de reverência e em espírito de irmandade celta, que inspira sempre á alegria e á brincadeira folk
Foi um momento bonito de se ver e provocando sorrisos, muitos aderiram mas o ritmo da música era tão contagiante que era impossível ficar sentado muito tempo e a crowd preferiu dançar em frente ao palco!
Emocionado o vocalista foi agradecendo o amor do público e não resistiu em vir cantar um tema com os seus brothers mais próximos no chão do recinto, bem no meio do público! Foi outro momento de êxtase e a banda, composta por seis elementos que já cá andam desde 1995 teve provavelmente um dos seus melhores concertos, com esta vinda ao norte! 
Mais uma excelente escolha do Laurus Nobilis Music Famalicão e voltaremos a vê-los em Outubro!

Foi altura de uma pausa para comer qualquer coisa e a zona de esplanada junto às caravanas de comida estava cheia, tal como as tasquinhas em redor, foi tempo de ir buscar agasalhos e o movimento no recinto era intenso antes de entrarmos na zona do palco Porminho para vermos a banda vinda do Porto, os Sollar.


Infelizmente o problema do som neste evento foi recorrente e novamente perdeu-se alguma da magia que esta banda trazia preparada em estilo metal progressivo. A banda formada recentemente por vários músicos conhecidos da nossa praça agraciaram-nos com a sua qualidade e facilmente envolveram a plateia na sua sonoridade melodiosa.
Conforme o concerto foi evoluindo a vocalista Mariana Azevedo foi tecendo as malhas do álbum de estreia 'Translucent' e conseguiram com a ajuda da montagem cénica da frontgirl, com as suas artes e caracterização, fazer um belo show que satisfez os presentes.

Seguiram-se os Sinistro e mais uma vez não desiludiram com a sua performance, a banda vinda de Lisboa era só por si um motivo para não faltar a este evento.
No entanto doeu não sentir melhor qualidade de som neste concerto, pois seria um momento para aproveitar em cada palavra, sílaba e movimento corporal mui sui generis, aquela que seria a última actuação de Patrícia Andrade com a banda. (ndr: foi noticiada a saída poucas horas depois)

Resta-nos guardar e reviver na memória o 'Sangue Cássia' e o trabalho excelente desta formação que preencheu durante muito tempo, uma lacuna existente na música nacional. 
Esperamos contudo que sigam os seus caminhos, desejando muitos sucessos e uma longa carreira a todos, sem excepção!
No evento, a hipnose generalizada dos presentes e o headbang em movimentos pendulares durante todo o concerto, não deixava dúvidas que esta formação tinha conquistado um número considerável de seguidores e estava a fazer magia para quem nunca os tinha visto ou ouvido.
O regresso ao Minho foi de novo com um show esplendoroso de música transcendental deixando o público um pouco doomesco mas muito satisfeito com a sua atuação.

Os Crematory chegam-nos da Alemanha e eram um dos mais esperados concertos desta noite no Laurus Nobilis e a tribo amante deste estilo metal gótico estava pronta para a festa!
Haviam muitos aficionados em frente ao palco com as suas vestes e maquilhagens exuberantes mudando um pouco a imagem da plateia no recinto.


A banda já com larga experiência na estrada montou um set que agradou aos presentes revivendo temas marcantes do seu longo percurso como a mais antiga 'Tick Tack' do inicio dos anos 2000 ou a escolha para o grande final, o tema mais badalado por cá 'Tears of Time'.
Deambularam por outras mais recentes como 'Shadow Maker' ou 'Ravens Calling' mas foi com o seu mais recente trabalho 'Oblivion' que conquistaram o público! Um belo concerto em que a banda reforçou os laços de união com a sua 'familia' homenageando simpaticamente, um fã em palco.

Com o recinto cheio sentiu-se a expectativa para o concerto dos Samael e a banda suíça de post black metal oldschool era muito aguardada no palco Porminho.


Os suíços beneficiaram de um dos sons mais equilibrados do festival, e sem mácula, desfilaram vários temas do seu mais recente trabalho "Hegemony", a cuja tour pertenceu esta data, arrancando a actuação com a faixa título e ainda outra nova, homónima da banda, 'Samael",
Sentia-se a vibe animada tendo sido um show muito apreciado, com um setlist a abranger grande parte do seu repertório, com os temas mais marcantes da banda, e finalizaram o concerto com um encore, pois os mais entusiastas não deixaram a banda sair sem tocarem os os êxitos 'Baphomet´s Throne' e 'My Saviour' que segundo a tribo, 'soube-lhes a pouco'!
A banda mesmo com várias alterações na sua formação durante a sua longa carreira, manteve o seu estilo e continuam a conquistar o público português e prometeram voltar em breve.

Ainda fomos espreitar o palco CEVE onde iria passar som o mestre radialista António Freitas e acabámos a dançar efusivamente as malhas oldschool do set escolhido pelo Dj da noite. Mais um belo momento de alegria revivalista até que o clima mais uma vez nos traiu e com a vinda da chuva obrigou-nos a recolher e ir descansar para ter forças para fechar o evento em grande no dia seguinte!

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Texto: Stanana
Fotos: Joana Marçal Carriço (fotos em actualização na nossa página do facebook aqui)

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