Entrou o Outono e, embora o calor teime em ficar, já se
respira um pouco da atmosfera que anuncia a chegada de mais um Under the Doom , a realizar-se em
dezembro.
A preparar o ambiente para mais uma edição, a Notredame Productions optou por um warm up de luxo, com os irlandeses Primordial a protagonizar, no passado sábado, um evento inesquecível, que encheu a sala do RCA Club, em Alvalade. A compor ainda mais o cartaz, estiveram também presentes os portugueses Decayed e AURA.
A preparar o ambiente para mais uma edição, a Notredame Productions optou por um warm up de luxo, com os irlandeses Primordial a protagonizar, no passado sábado, um evento inesquecível, que encheu a sala do RCA Club, em Alvalade. A compor ainda mais o cartaz, estiveram também presentes os portugueses Decayed e AURA.
Antes das 21h, já o público, bem disciplinado pela
pontualidade do RCA Club, fazia fila
para entrar.
À hora marcada, os portugueses AURA iniciaram um concerto que iria saber a pouco, e com a casa ainda meio cheia. Para quem gosta de post black metal, esta é uma banda para procurar e apreciar com calma, permitindo o desligar da mente em ambiente de quase descanso, embora não fique a perder na atuação ao vivo. A banda de Guimarães tem vindo a divulgar o seu EP Hamartia, lançado em julho deste ano, e fez uma atuação que muito nos agradou.
À hora marcada, os portugueses AURA iniciaram um concerto que iria saber a pouco, e com a casa ainda meio cheia. Para quem gosta de post black metal, esta é uma banda para procurar e apreciar com calma, permitindo o desligar da mente em ambiente de quase descanso, embora não fique a perder na atuação ao vivo. A banda de Guimarães tem vindo a divulgar o seu EP Hamartia, lançado em julho deste ano, e fez uma atuação que muito nos agradou.
A presença de duas baterias em palco (a de Primordial já estava montada), limitou
consideravelmente o espaço disponível para as movimentações do vocalista que,
calculamos, seja habitualmente ainda mais expressivo. Ainda assim, deixámo-nos
transportar pela voz rasgada e projetada como se das entranhas saísse, e a
verdade é que não sentimos o tempo a passar.
Quando estávamos, definitivamente, embrenhados na atmosfera de AURA, fomos forçados a alterar a pulsação para o black metal old school dos Decayed.
Quando estávamos, definitivamente, embrenhados na atmosfera de AURA, fomos forçados a alterar a pulsação para o black metal old school dos Decayed.
Os Decayed beneficiaram
de uma casa já cheia e aproveitaram bem a oportunidade de dar a conhecer temas
do novo Of Fire and Evil, o último de
uma extensa discografia, que já remonta a 1990, e da qual ainda selecionaram alguns
temas. Encontraram no público o eco esperado e a resposta favorável ao ritmo
acelerado e ao tom agressivo da atuação.
Os temas curtos, disparados sem dó nem piedade, alteraram o
ambiente da sala, que, entretanto, já estava quase lotada.
Destacamos Cravado na Cruz e Son of Satan, nos quais sentimos o público em verdadeira comunhão com a banda.
Curtos e diretos ao assunto, fizeram o que sabem fazer, e bem, há décadas.
Destacamos Cravado na Cruz e Son of Satan, nos quais sentimos o público em verdadeira comunhão com a banda.
Curtos e diretos ao assunto, fizeram o que sabem fazer, e bem, há décadas.
A verdade é que o público já apresentava sinais de grande
ansiedade para ver e ouvir Primordial.
Era do conhecimento geral que a banda tinha presenteado o público da Invicta com
duas horas de concerto e adivinhava-se, portanto, uma grande atuação também em
Lisboa. De facto, assim o foi: em tempo e em qualidade.
Foi de punho em riste, que grande parte da assistência ouviu
os sinos da intro de Nail their Tongues, do
recente Exile Amongst the Ruins, e
preparou-se para a imponente entrada de Alan
Averill.
Este surgiu, como é habitual, de vestes rasgadas e ainda com uma corda ao pescoço, adereço que viria a utilizar mais tarde, em To Hell or to Hangman. Logo no primeiro tema, foi visível a entrega do público e a euforia com que recebeu a banda.
Este surgiu, como é habitual, de vestes rasgadas e ainda com uma corda ao pescoço, adereço que viria a utilizar mais tarde, em To Hell or to Hangman. Logo no primeiro tema, foi visível a entrega do público e a euforia com que recebeu a banda.
Alan Averill gosta de ter o domínio da sua
assistência, de olhar para todos e deter-se em cada um em particular, de dar
instruções e de estas serem cumpridas. Talvez por isso, a sua relação com os
telemóveis erguidos não é a melhor, já que retiram a visibilidade e diminuem o
seu lugar de destaque.
Vimo-lo, suavemente, a afastar alguns e pediu, mais tarde, que evitassem usá-los, e que, simplesmente, aproveitassem o concerto.
Ao longo da atuação, o público cumpriu, religiosamente, todas as indicações deste vocalista de olhar penetrante, que mais parece invadir a alma de cada um dos presentes.
Vimo-lo, suavemente, a afastar alguns e pediu, mais tarde, que evitassem usá-los, e que, simplesmente, aproveitassem o concerto.
Ao longo da atuação, o público cumpriu, religiosamente, todas as indicações deste vocalista de olhar penetrante, que mais parece invadir a alma de cada um dos presentes.
Constatámos que, ao contrário do que esperávamos, os temas do
novo álbum estavam sabidos na ponta da língua e não brilharam menos do que qualquer
uma das restantes escolhas que compôs a extensa setlist.
Foi assim com Exile Amongst the Ruins, Upon our Spiritual Deathbed ou To Hell or the Hangman, nos quais ouvimos entoar vários versos em coro.
O novo álbum é, aliás, considerado por muitos a comprovação da mestria dos Primordial no género que praticam (embora esta opinião não seja consensual) e, para além disso, do domínio e destaque dos traços que os distinguem das restantes bandas.
A voz de Alan Averill continua a ser um dos principais traços distintivos, tal como a brilhante junção do folk celta com o ambiente black e doom, como ouvimos, por exemplo, em Stolen Years (em que destacamos a força e a beleza da melodia), embora tenhamos até sentido mais essa influência folk no tema No Grave Deep Enough (Redemption at the Puritans Hand), no qual vibraram intensamente as palmas do público.
Foi assim com Exile Amongst the Ruins, Upon our Spiritual Deathbed ou To Hell or the Hangman, nos quais ouvimos entoar vários versos em coro.
O novo álbum é, aliás, considerado por muitos a comprovação da mestria dos Primordial no género que praticam (embora esta opinião não seja consensual) e, para além disso, do domínio e destaque dos traços que os distinguem das restantes bandas.
A voz de Alan Averill continua a ser um dos principais traços distintivos, tal como a brilhante junção do folk celta com o ambiente black e doom, como ouvimos, por exemplo, em Stolen Years (em que destacamos a força e a beleza da melodia), embora tenhamos até sentido mais essa influência folk no tema No Grave Deep Enough (Redemption at the Puritans Hand), no qual vibraram intensamente as palmas do público.
Muitos foram os momentos dignos de registo mas cabe-nos a
difícil tarefa de selecionar alguns e de descrevê-los o melhor possível.
Devemos, portanto, referir ainda os minutos apoteóticos do
refrão de As Rome Burns, cantado em
coro, os saltos e as palmas do público que fizeram tremer o RCA Club, em To Hell or the Hangman, e a
euforia com que foram recebidos os temas The
Coffin Ships, Empire Falls e Babel’s Tower.
E enquanto desfilavam os 16 temas selecionados para esta noite, Alan Averill manteve-se um frontman de excelência, insistindo no contacto com o público, aceitando as bebidas que lhe foram oferecendo, comunicando entre músicas, e, sobretudo, agradecendo a receção e a simpatia portuguesas, afirmando que compreendia perfeitamente a sensação de pertencer a um pequeno país na ponta da Europa.
Houve ainda tempo para dedicar Journey’s End aos 19 anos já passados sobre um dos concertos da banda em Lisboa, precisamente nesta data.
E enquanto desfilavam os 16 temas selecionados para esta noite, Alan Averill manteve-se um frontman de excelência, insistindo no contacto com o público, aceitando as bebidas que lhe foram oferecendo, comunicando entre músicas, e, sobretudo, agradecendo a receção e a simpatia portuguesas, afirmando que compreendia perfeitamente a sensação de pertencer a um pequeno país na ponta da Europa.
Houve ainda tempo para dedicar Journey’s End aos 19 anos já passados sobre um dos concertos da banda em Lisboa, precisamente nesta data.
Apesar da longa duração do concerto, nunca observámos cansaço
na assistência, nem diminuição da vivacidade das palmas ou da resposta às interpelações
do vocalista.
O concerto terminou como começou, com a sala praticamente lotada, o público eufórico, uma salva de palmas interminável.
O concerto terminou como começou, com a sala praticamente lotada, o público eufórico, uma salva de palmas interminável.
Resta-nos sublinhar as excelentes condições do som, irrepreensível,
e felicitar a Notredame Productions
por mais este excelente evento.
Texto: Sónia Sanches
Fotos: Hugo Rebelo Fine Art Photography (todas as fotos AQUI).
Texto: Sónia Sanches
Fotos: Hugo Rebelo Fine Art Photography (todas as fotos AQUI).