Os Painted Black resolveram descansar os fãs e mostrar que estão ativos e a preparar o novo álbum, já há muito aguardado.
No passado sábado, dia 11 de fevereiro, no Time Out Bar, no Montijo, pudemos assistir a mais um excelente concerto desta banda, que gostamos sempre de rever, e desta vez, acompanhados pelos Ignite the Black Sun, que também foram, para nós, uma agradável surpresa.
Foi pena a meteorologia não jogar a favor e presentear-nos com chuva e frio, o que talvez tenha contribuído para a fraca afluência ao Time Out Bar. Os concertos começaram tarde mas quem esteve aguentou-se até ao final e aproveitou bem a oportunidade de ouvir bom metal, em ambiente simpático, entre amigos e não só.
Os Ignite the Black Sun apresentaram principalmente temas do álbum The monster rears its head (2015), único trabalho de longa duração, mas agora com a voz de Paulo Gonçalves (ex-Shadowsphere), que também já gravou o EP Vermin, em 2016. Ouvimos ainda dois temas do já referido EP (Vermin e Angels, cover de Lene Lovich) e tivemos ainda direito ao tema novo, Built Upon Walls, a mostrar que a banda se encontra em fase criativa.
A banda conquistou rapidamente o público, apresentando temas que entram facilmente no ouvido, com estrutura simples e refrões bem destacados, também pela voz do guitarrista Nuno Aguiar de Loureiro. A juntar a estes elementos, destacamos ainda a excelente atitude em palco do vocalista Paulo Gonçalves, visivelmente motivado nesta nova fase da sua carreira, e a pulsação da bateria de J. C. Samora (também Forgotten Suns).
Contaram ainda com a presença de Ana Carvalho, na interpretação do tema Self pity is a strenuous effort, tal como já tinha acontecido na gravação do álbum The monster rears its head. Ficámos satisfeitos com o que vimos e ouvimos e estamos atentos aos próximos eventos da banda que, aliás, consta na nossa compilação Louder than all – volume 1.
Os Painted Black subiram ao palco já pela 1h e relembraram ao seu público resistente o quanto é agradável ouvi-los. O álbum Cold Comfort (2010) continua a marcar a setlist da banda, com a interpretação dos temas Via Dolorosa, The Rain in June, Cold Comfort e Inevitability.
Ouvimos ainda a cover do tema Noose, dos Sleeping Pulse, banda britânica da qual também faz parte o guitarrista Luís Fazendeiro, a par com Mick Moss, de Antimatter. Quanto ao tema mais recente, Dead Time, a figurar no próximo álbum, continua a ser a prova de que algo de novo está a ser pensado e produzido, o que muito nos agrada.
Desta vez, sentimos falta de The End of Tides mas a interpretação de Inevitability, pela qual ansiamos sempre, enche-nos a alma. O facto de ser esse, geralmente, o último tema apresentado, faz com que abandonemos o local do concerto com as cordas da guitarra de Luís Fazendeiro no ouvido, ainda durante algum tempo.
Gostamos tanto que já corremos o risco de nos repetir-nos nas palavras que escrevemos sobre a banda. Foi, como sempre, um concerto intenso, no qual existe tempo e espaço para apreciar todos os elementos: cada instrumento e a voz brilham per se. A expressividade do vocalista Daniel Lucas, a melancolia das guitarras, os momentos carregados de peso e intensidade em que sentimos toda a força da banda, são apenas alguns dos fatores que contribuem para que gostemos de acompanhar Painted Black.
Pensamos que este concerto terá sido um bom aquecimento em palco para a banda e verificamos que a máquina se encontra bem oleada, pronta para o festival Darker Days, em Leicester (18 de março), e para passar a uma outra fase, na qual contamos já com as novidades relativas ao próximo álbum.
Até breve. \m/
Texto: Sónia Sanches