Os portugueses adoraram e em menos de um ano, eles retornaram à mesma sala que os aclamou à beira Tejo. Os God Is An Astronaut encheram o Armazém F com um som envolvente criando um bem-estar generalizado naquele que foi, até à data, um dos melhores concertos de 2015.
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Se a hipotética bomba no tabuleiro da Ponte 25 de Abril não fosse tema suficiente para preencher a conversa no dia seguinte, algo melhor aconteceu. A certa altura um astronauta deu entrada na característica porta rotativa. Fossem os preços praticados no bar mais apelativos e estaríamos a questionar se afinal Deus teria sido mesmo colega de Neil Armstrong. Pela aparência não deveria ser: sem aquela famosa barba… o modelo que todos temos em mente quando pensamos no Divino: à semelhança, obviamente, de Morgan Freeman.
Tudo indicava uma Segunda-feira fora do comum e o ambiente era de clara boa disposição entre os presentes. Não se pediam singles para compor a banda-sonora estando as esperanças todas reservadas para a forma como os God Is An Astronaut conduzissem o concerto.
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A harmonia das transições, que têm tanto níveis de tecnicismo como de simplismo minimalista conseguiram criar toda uma experiencia de quase hipnose. A subtileza com que constroem os temas em palco, como em disco, funciona muito bem não dando azo à enfadonha previsibilidade ou à surpresa desmedida. As coisas simplesmente fluíram…
Se os sons quase ambientais demonstraram uma simpática melancolia, não sendo tristemente introspetiva, os picos mergulharam numa caótica explosão sonora onde a intensidade deu toda uma mais-valia, diferenciando um bom concerto de um certamente memorável. Sem a escuridão característica de post-metal, demasiado sóbrios para rock progressivo e sem ceder aos vícios irritantes do shoegaze, é com base no Rock de projecção de espaços, seja ambiente ou space rock que nos enchem a alma de forma que pouco importa ser original, ou não, de tão raro que é.
Percorreu-se uma discografia cada vez mais ampla, desde «The End of the Begining» do primeiro álbum, passando por temas como «Fragile» e «Worlds Colision» , foi claramente Helius|Erebus a espinha dorçal desta passagem por Lisboa, assim como fora certamente na noite anterior no Porto.
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De All is Violence, Al is Bright, segundo álbum da banda e um favorito dos fãs, não faltaram novamente «Forever Lost» e «Fireflies and Empty Skies» que provocaram as melhores reações da noite já na recta final.
A banda dos gémeos Kinsella demonstrou sempre grande empatia com a bela moldura humana que não arredou pé frente ao palco. O claro destaque vai para Jamie Dean, o elemento mais comunicativo esteve claramente entusiasmado entre as teclas e a guitarra juntando-se ao público várias vezes aumentando o clima de proximidade e intensidade.
É verdade que os elementos visuais que outrora complementavam a experiencia desapareceram mas o jogo de luzes proporcionou sempre detalhes incisivos e que por vezes testavam os limites da epilepsia.
Um dia que exemplos de projectos instrumentais vingue no grande mercado haverá muito boa gente a ganhar vergonha quando dizem dar concertos live act…
O encore forçado foi posto de lado com alguma dose humorística e o countdown da descolagem foi feito ao som de «Suicide by Star». Um ponto final de uma noite que poderia muito bem se ter prolongado um pouco mais. O acender das luzes fez relembrar a sensação do despertador várias horas antes. Afinal de contas era segunda-feira, das feias e ventosas. Um claro contraste com o ambiente gerado dentro do recinto.
Os God Is An Astronaut, dentro de toda a sua divindade ou super-conhecimento astronómico, lá partiram deixando a promessa de voltarem quanto antes.
Texto: Tiago Queirós
Fotos: Joana Mendonça (todas as fotos do nosso facebook abaixo)
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Posted by Songs for the Deaf Radio on Quinta-feira, 7 de Maio de 2015