Um mês de fevereiro, muito movimentado em termos de concertos, trouxe até aos palcos nacionais os Eluveitie num espetáculo inserido na turné de promoção do álbum Origins. A banda suíça não vinha a Portugal desde 2012 e trazia na bagagem um muito bem recebido álbum novo, por isso não foi de estranhar a multidão que acorreu ao RCA Club e esgotou a sala.
Com os Eluveitie vieram também até terra lusitanas os Wind Rose e os Skálmöld, e foi pela banda italiana que a noite começou.
Às 20 horas em ponto subiram ao palco os Wind Rose, trazendo uma sonoridade que fundia com competência o Power e o metal Sinfónico, tendo agradado ao ainda pouco público que se encontrava já dentro do RCA Club.
A banda focou a sua atuação no último álbum, Wardens of the West Wind (2015), tendo como pontos altos da sua atuação os temas ‘The Breed of Durin’ e ‘Born in the Cradle of Storms’. Ritmos rápidos e riff orelhudos acompanhados por uma boa voz, perfeitamente enquadrada no género e muito bem apoiada nos backing vocals permitiram um muito bom início de noite, visível pela generalidade das reações do público presente que cada vez mais enchia a sala, de tal modo que quando tocaram a ultima malha ‘ Rebel and Fear’ foram poucos os presentes na plateia que não cantaram com a banda.
Pelas 21 horas surgiam no palco os islandeses Skálmöld. Formados em 2009, rapidamente conquistaram o estatuto de ícone do metal islandês, tendo já editados 3 álbuns, Baldur (2010), Börn Loka (2012) e Með Vættum (2014). Desconhecida para uma boa parte do público, o seu som mais pesado foi muito bem recebido. Principiaram pelo tema ‘Að Vori’ conseguindo desde logo provocar muitos headbanging, à segunda musica, ‘Gleipnir’ já o público gritava pelo nome da banda, apesar da dificuldade em pronunciá-lo.
O sexteto nórdico encontrou uma sala já praticamente lotada, e facilmente começaram o bailarico, provocando moshes perante um publico fascinado pelo modo como produzem a sua música, todos os membros emprestam a sua voz à sonoridade da banda, permitindo boas variações de vocalização, desde os vocais rasgados, aos guturais passando por aqueles capazes de instantaneamente nos transportarem para fábulas do folclore islandês. A banda consegue soar muito pesada e melódica ao mesmo tempo, descarregando ritmos frenéticos sem descurar momentos mais melódicos e folk, as guitarras conseguem produzir solos belos e rápidos que se soltam por entre uma bateria forte e bem cadenciada, assim camada a camada a banda acrescenta dimensão, complexidade e originalidade ao seu som. Percorreram a sua discografia, sem tempo para grandes pausas, e terminaram com os temas ‘Kvadning’ e ‘Valhöll’ do álbum Baldur saindo de palco muito aplaudidos.
Pouco passava das 22h30 quando foi a vez dos Eluveitie pisarem o palco do RCA Club. Era evidente que foi por eles que a sala esgotou. A banda helvética tem ao longo dos anos construindo e cimentado uma posição entre os grandes nomes do metal atual com a sua fusão de folk metal e melodic death metal de escola de Gotemburgo, moldando temas fortes e belos tendo sempre como pano de fundo temas da cultura helvética.
A banda apresenta-se em palco com 8 membros juntando aos tradicionais instrumentos do metal, violinos, mandola, flautas, hurdy-gurdy entre outros, produzindo assim uma sonoridade complexa e evoluída que facilmente flui por entre o público, conquistando-o. Foram recebidos por uma sala completamente esgotada e cedo se notou a comunhão entre a banda e o público. Este correspondia sempre aos apelos e interações do vocalista e multi-instrumentalista Chrigel Glanzmann, numa relação simbiótica que provocava libertações equivalentes de energia na plateia e no palco. Os primeiros acordes de ‘KING’ demonstraram que o novo álbum Origins não era desconhecido dos presentes e deu o mote para uma setlist que não só serviu para apresentar o seu novo trabalho como viajar pela sua basta discografia, tendo tocado temas de todos os 6 álbuns. A banda com excelência alterna o foco dos instrumentos permitindo que os vários músicos se evidenciem, isso é visível em temas mais antigos como ‘Thousandfold’ ou recentes como ‘From Darkness’, ambos muito bem recebidos.
O tema ‘ Call of The Mountains’ cantado a pedido do público na sua versão Suíço-alemão permitiu uma primeira oportunidade para apreciar a belíssima voz de Anna Murphy, mostrando que não é apenas pela sua beleza e pela exoticidade do instrumento que toca que a mesma se evidencia, tanto que a sua voz já lhe valeu um álbum a solo Cellar Darling (2013), oportunidades que se repetiram por exemplo com ‘Omnos’ , ‘Alesia’ e ‘A Rose For Epona’. ‘The Nameless’ trouxe o Wall of Death da noite e despoletou moshes e crowd surfing, ainda antes de a malha ‘Kingdom Come Undone’ ter provocado um circle-pit. Antes do encore ‘Havoc’ deixou o suor a escorrer no rosto, mas energia ainda para o headbanging nos temas ‘Helvetios’ e ‘Inis Mona’ com que acabaram o espetáculo. A banda desdobrou-se em agradecimentos ao público e este à banda, despedindo-se com um firme desejo de um reencontro.
Finda a noite, satisfação no rosto dos presentes. Fevereiro ainda só vai no inico e até ao final do mesmo muitos concertos ainda para delícia dos amantes da música pesada.
Texto: Henrique Duarte