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13/11/2019

[Report] Hell Over Europe III: Aborted, Entombed A.D. e Baest em Lisboa

Depois de uma curta, mas muito celebrada passagem pelo Vagos Metal Fest já este ano, exigia-se o retorno a solo nacional dos Aborted para uma atuação com as melhores condições técnicas e uma set list mais longa que concedesse aos fãs uma melhor oportunidade para desfrutar da sua música. 
Tal como havia ficado prometido ainda em Vagos a Amazing Events abriu as portas do RCA Club em Lisboa para o regresso dos Aborted, numa noite de muito peso que contaria ainda como os dinamarqueses Baest e os suecos Entombed A.D., banda composta por elementos dos veteranos Entombed, lendas que muitos fãs nacionais ansiavam por reencontrar no palco, mesmo após mais uma recente passagem pelo solo lusitano, em terras de Famalicão, no Laurus Nobilis Fest.

Baest sobem a palco e encontram algumas dezenas de fãs madrugadores, numa casa que não tardou a ficar cheia e que esgotaria. Com um muito recente trabalho “Venenum” para apresentar não foi de estranhar a forte presença do mesmo na set list sem que o anterior trabalho tenha ficado de fora. 

Desferindo os primeiros golpes de death metal da noite encontraram um publico ainda algo tímido de início. O vocalista Simon Olsen embebido com o espírito de missão de provocar um enorme mosh pit na sala esforçou-se por colocar o público a mexer. 
A entrega do conjunto e o peso do da sua musica foram desbravando caminho nessa missão, ora com a utilização moderada mas nos tempos certos dos blast beats, ora através dos vocais brutais e monstruosos, complementados por guitarras, que não trazendo nada de novo ao género, não deixam de encher o seu som de bons pormenores, reforçados por uma saborosa linha de baixo, a plateia foi reagindo, a casa enchendo, e o prenuncio de uma noite memorável, era já uma certeza. Uma estreia auspiciosa dos dinamarqueses em solo luso.

Aborted foram os senhores que se seguiram. 
Banda sediada na Bélgica, é hoje uma seleção mundial de grandes músicos, senhores na arte de desferir brutais chapadas de death metal e que logo nos primeiros instantes da atuação metralharam os fãs sem piedade, pondo os corpos apanhados por aquela torrente de rápida destruição a mexer. 

‘TerrorVision’ e ‘Deep Red’, malhas do mais recente trabalho, iniciam as hostilidades e cedo instauram um circle pit que se manteria ativo até ao final, ao mesmo tempo que o crowd surfing aumentava e o stage diving despoletava. 

Com a temperatura a aumentar e o suor a começar a escorrer, a bateria frenética e incansável, disparava blast beats sem precisar de recarregar. O vocalista Sven de Caluwe visivelmente satisfeito elogia o público que intensifica o mosh no pit, sentindo o apelo das variações vocais que estruturam a música em várias paisagens da mesma brutalidade. 
As vocalizações punitivas acompanham os tempos de alta velocidade do grind e os riffs que compõem um pouco de groove e a brutalidade do death metal em cada música, pinceladas com mestria com impactantes solos de guitarra.

A atuação que percorreu vários momentos da sua carreia com mais de 20 anos, deixando de fora apenas 3 dos seus 10 álbuns, deu natural destaque a “Terrorvision”, álbum que saiu no ano transato e que parece muito acarinhado pelos fãs como se viu por exemplo em ‘A Whore d'Oeuvre Macabre’.

Antes do final Simon Olsen vocalista dos Baest surge em palco para retribuir a presença de Sven de Caluwe no concerto anterior, numa fase final frenética que intensificou, contando com o convite da banda para o seu palco, o stage diving e que não terminaria sem o tradicional Wall of death.
Sven de Caluwe disse que foi a melhor plateia da tour , não saberemos se por pura cordialidade, mas a verdade é que a satisfação estava perfeitamente espelhada no seu rosto e refletida nas centenas de pessoas que esgotavam o RCA Club.

A finalizar esta noite da Hell Over Europe III tour, os Entombed A.D. prometiam um desfilar de temas novos, mas também uma forte presença de clássicos incontornáveis de Death Metal/Death 'n' Roll dos Entombed. 
E sem surpresa os primeiros riffs que se ouviram provocaram headbanging generalizado e muito movimento no mosh pit. Se os primeiros momentos concederam destaque às malhas do mais recente “Bowels of Earth”, cedo se percebeu que conviveriam, em alternância, os temas novos com os clássicos dos Entombed. Se a memória não atraiçoa foram 8 os temas que trouxeram saudável nostalgia à plateia. 

A boa disposição estava instaurada e ocorria troca de cerveja entre o público e a banda e vice-versa, numa bem-disposta reunião de irmãos. 
Quando tocam ‘I For an Eye’ foi bem visível como a experiência é uma mais valia que trazem para palco, dominando o fãs pela competência e pela atitude num tema tão recheado de memória coletiva e tão celebrado pelo público. 

O desfilar de temas mantendo a mesma toada conduziu a uma torrente de headbanging, stage diving, crowd surfing e mosh para satisfação de quem da plateia assiste e de quem de palco executa, uma sincera troca de sorrisos e de suor, atingindo um ponto de perfeita comunhão, que o português do guitarrista Guilherme Miranda e a bem-disposta vontade de comunicar do vocalista Lars-Göran Petrov estreita ainda mais.
Na recta final mais um retorno de Simon Olsen a palco com direito a um momento de canto em crowd surfing. ´ Left Hand Path’ começa a ecoar na sala e alguma nostalgia instala-se antecipando o final do concerto, a pontada final que contou ainda com as malhas ‘Serpent Speech’ e ‘Supposed to Rot’ viveu-se com especial intensidade, numa esforço para queimar últimos cartuchos antes de a oportunidade se esfumar. Saíram de palco na companhia de um forte coro de aplausos que tardaram a se calar.

Numa das noites mais intensas que vimos esta ano, brilharam os músicos e os fãs, deixando o mote para que se possam vivenciar mais noites assim.

Texto: Henrique Duarte
Fotos: Ricardo Branco (todas as fotos AQUI)
Agradecimentos : Amazing Events

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