Atoma eclodiu em finais de 2016 com impacto entre a cena metal internacional, somando elogios e merecendo referência em qualquer lista desse ano. Solidamente se confirmou como mais uma obra-prima dos mestres suecos da arte de fazer death metal melódico segundo os princípios da escola de Gotemburgo. Chegava finalmente o momento de Portugal receber os Dark Tranquillity para apresentar o referido álbum e reviver clássicos perante uma comunidade de fãs que sempre os recebera bem.
Não vinham sozinhos, a eles se juntavam os espanhóis Red Soil, os suíços Miracle Flair e os alemães Equilibrium. Quatro bandas que obrigavam a começar cedo a festa.
Decorrendo com pontualidade, às 19h30 já a jovem banda espanhola Red Soil pisava o palco.
Pouco mais de três dezenas de pessoas os receberam nos primeiros momentos, o que não impediu que o promissor grupo se entregasse de corpo e alma, na promoção do seu primeiro trabalho de longa duração “Nemesis”. Com óbvias influências em In Flames, mas também em outras bandas da cena de Gotemburgo, foram soltando o seu death metal melódico, conseguindo aplausos e os primeiros headbangings da noite, apesar de terem gladiado com a acústica difícil de uma sala ainda vazia, que foi recebendo mais pessoas com o avançar da atuação.
Pouco mais de três dezenas de pessoas os receberam nos primeiros momentos, o que não impediu que o promissor grupo se entregasse de corpo e alma, na promoção do seu primeiro trabalho de longa duração “Nemesis”. Com óbvias influências em In Flames, mas também em outras bandas da cena de Gotemburgo, foram soltando o seu death metal melódico, conseguindo aplausos e os primeiros headbangings da noite, apesar de terem gladiado com a acústica difícil de uma sala ainda vazia, que foi recebendo mais pessoas com o avançar da atuação.
Se a malha ‘Chaos’ terá arrancado os maiores headbangings, foi o tema ‘Heroes’ que conseguiu o maior movimento na sala, conseguindo por uma parte do público a saltar. Uma atuação que terá agradado a uma boa franja dos presentes, de um conjunto ainda a dar os primeiros passos. Trinta minutos promissores.
Os helvéticos Miracle Flair encontraram uma casa um pouco mais composta mas ainda assim bastante despida.
Praticando um rock/metal melódico onde a voz de Nicole Hartmam repousa sobe a solides dos riffs, ecoando angelicamente perante o peso dos instrumentos, uma composição harmoniosa que é sempre o foco da sua música.
Praticando um rock/metal melódico onde a voz de Nicole Hartmam repousa sobe a solides dos riffs, ecoando angelicamente perante o peso dos instrumentos, uma composição harmoniosa que é sempre o foco da sua música.
Algumas dificuldades iniciais no som do microfone da vocalista foram rapidamente corrigidas e o conjunto embalou para uma atuação sólida dando a conhecer os seus dois álbuns “Inner Peace of Mind” e “Angel Cast Shadows”, recebendo aplausos, particularmente mais fortes nos temas ‘Change In Mood’ e ‘Angels Cast Shadows’.
Grupo mais melódico da noite, durante trinta minutos de atuação, contou sempre com a sorridente e simpática vocalista para fazer a ligação com o público, que terá ficado agradada com os aplausos que lhes foram reservados no final.
Sobrevivente à restruturação da banda em 2010, os germânicos Equilibrium prosseguem na sua ambição de fazerem folk metal através de um novo nível de grandeza orquestral com os quais dão sempre um tom especialmente épico às suas músicas.
Desembarcados em território nacional, encontraram uma casa já bem composta e com vários fãs na plateia que estava ali sobretudo por eles, tendo sido recebidos com gritos e aplausos, logo que surgiram no palco, trocando saudações com a plateia na forma de metal horns.
O primeiro riff de ‘Prey’ arrancou de imediato com headbangings generalizados, demonstrando logo que estávamos perante uma multidão muito recetiva à banda, que com aplausos recebeu a malha ‘Heimat' e se lançou aos saltos, instalando um grande bailarico com muito mosh quando se tocou o terceiro tema ‘Waldschrein’.
Os aplausos sincronizados com a música com que o público acompanhava as músicas, deve ter deixado Robert "Robse" Dahn convencido que tinha a plateia na mão, aproveitando para pedir um Wall of death, não tendo ficado com as expectativas goradas. Provada que estava a excelente comunicação, e com a intensidade no mosh a subir, prosseguiram fazendo desfilar temas dos álbuns “Sagas” e “Erdentempel” antes de um curta pausa e voltarem para um encore e finalizarem como começaram, com o ultimo trabalho “Armageddon”, desta feita com o tema ‘Born to Be Epic’, acompanhados pelas vozes da ruidosa plateia. Ruidosos foram também os aplausos que receberam à saída de palco.
De braços no ar a plateia perfilava-se mais uma vez ruidosa, desta vez para receber a banda que encabeçava esta tour, e cujas brilhantes atuações em anteriores passagens por Portugal eram o tema de conversa mais recorrente entre os fãs de longa data que os aguardavam.
Aos primeiros acordes que vibraram nas guitarras dos Dark Tranquillity, o mar de gente em frente ao palco ondulava em energéticos headbangings, ‘Encircled’ foi o tema escolhido para abrirem as hostilidades e darem uma primeira amostra do trabalho que motivou esta tour. Atoma seria revisitado com frequência durante o concerto para além de outros álbuns, numa setlist com 19 temas que estranhamente deixou de fora o clássico álbum de 1995 “The Gallery”, e que estaria sempre destinada a não satisfazer todos os fãs tão basta é já a sua carreira e a sua discografia.
O vocalista Mikael Stanne é o espelho do à-vontade com que a banda se sente em palco, como peixe na água, interpreta os temas com uma energia contagiante e sempre muito comunicativo conduz todos por um perfeito jogo de beleza e brutalidade, a dicotomia da música que imita a vida, vivida com intensidade e emotividade.
Exímios representantes e executantes da escola sueca e da cena de Gotemburgo sabem como poucos construir essa aura que proporciona uma vibração melancólica ao mesmo tempo em que oferece uma força impactante para arrastar-nos mais fundo no feitiço da música, executada com uma precisão e competência que não parece perder nada para o som dos álbuns.
Momentos altos durante a atuação houve muitos e cada um dos presentes terá os seus, mas haverá que destacar a maneira ruidosa como ‘The Science of Noise’ foi recebida, mesmo antes de ‘Forward Momentum’ confirmar de maneira inequívoca como o novo trabalho funciona na perfeição ao vivo e como parece ter sido aceite com especial carinho pelos fãs.
‘The Mundane and the Magic’ mesmo sem presença feminina em palco foi especialmente emotivo, ‘Atoma’ arrancou com um forte embalo dos aplausos e ‘Terminus (Where Death Is Most Alive)’explodiu na plateia intensificando o mosh no pit e largando corpos no crowd surfing.
Antes do encore houve tempo para recuar até 1999 ao álbum “Projector” e recordar ‘ThereIn’ entre o intenso mosh e as vozes que se ergueram para cantar com a banda.
Retornaram para fechar a noite com ‘State of Trust’, ‘Lost to Apathy’ e ‘Misery's Crown’ com a mesma entrega de antes tanto no palco como no publico.
Abandonaram o palco com a promessa de voltarem, deixando já saudades entre aqueles que puderam partilhar aquela noite com eles e que tardaram a findar os aplausos e os gritos na despedida.
Grande noite de música no Lisboa ao Vivo em mais um grande trabalho da Notredame Productions para trazer uma Tour muito ambicionada. Grande entrega das bandas e de quem esteve de olhos postos no palco. Quanto aos Dark Tranquillity, permanecem fortes como pioneiros no Death Metal melódico e um dos seus mais dignos representantes.
Texto: Henrique Duarte
Fotos: Joana M. Carriço
Vídeos: Nuno Santos
Agradecimentos: Notredame Productions
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