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12/09/2019

[Report] Casaínhos Fest, o festival que nunca desilude!



O Casaínhos Fest há muito que é um festival obrigatório para quem gosta das sonoridades mais pesadas. Desde o metal ao punk e hardcore, tudo é possível ouvir aqui. Serve também para encontrar os amigos do costume e reencontrar aqueles que é sempre certo estarem por lá.

O local que recebe o festival é, como habitual, o campo de futebol do S.C. Casaínhos, que troca a bola pelos moshs e crowdsurfings. Este clube, juntamente com a Câmara Municipal de Loures, Junta de Freguesia de Fanhões e o Tiago Fresco da Associação Casaínhos Project são os responsáveis por este evento, que tem vindo a crescer a olhos vistos.

A SFTD Radio marcou presença no festival, com data do último sábado de Agosto, e fizemos questão de vos dar um cheirinho do que por lá se passava em directo, na nossa página de Facebook. Aqui fica, agora, o resumo de todas as 10 bandas que desfilaram e respectivo ambiente.

Os primeiros do cartaz, a quem coube estrear o palco neste sábado bastante quente, foram os Crab Monsters, vindos desde Castelo Branco. Como seria de esperar, a plateia à sua frente ainda estava despida, mas a energia que brotava do palco bem que nos fez esquecer esse… pormenor. Foram doze os temas que tocaram com toda uma atitude old school, a fazer lembrar os anos 80, entre elas a homónima Crab Monsters, Eat C.R.A.B. e finalizaram com a We Love What We Kill. O mote da banda é “Somos da Beira Interior e não temos medo de ninguém!”. Confirma-se! Quem não os conhecia, não vai esquecer mais.


O que vinha a seguir é que apanhou alguns desprevenidos.
Seguia-se outra banda de punk para aquecer, ainda mais, o Casaínhos Fest: foi a vez de entrar em cena os Hard Punk Spirit a.k.a. H.P.S.. A introdução foi feita pelo vocalista, o “tio” bastante carismático, que avisou os presentes que as músicas que se seguiam “não lembravam a ninguém.”… e não lembravam! Mas que grande bom humor em atitude e nas letras de cada tema! Desde H.P.S. (Hoje Perdi os Sapatos), a Zombie Catita ou Verme Sanguinário, todas fizeram saltar poeira e soltar gargalhadas! As músicas ficaram nos ouvidos e a banda na memória.


Os terceiros da tarde foram os, também recentes, Maxila, que ganharam o direito a invadir o palco do Casaínhos Fest através do concurso de bandas em São João da Madeira. Donos de uma sonoridade mais rock/sludge, a fugir um pouco às primeiras bandas, serviu para acalmar um pouco as hostilidades. Um trio bastante competente e com um som irrepreensível. Eles têm disponível digitalmente uma demo (desde Abril deste ano) com 3 dos temas que tocaram: Digital Zombie, Imitations e Evaporated Tears. Para quem ficou com curiosidade em vê-los num ambiente mais fechado, já têm uma data marcada no Hard Club, em Dezembro.


Já com um álbum homónimo lançado e um EP editado em 2018, chamado “Beasts”, era hora de hardcore com os The Year. Chegaram e chamaram o público, já em maior quantidade, para a linha da frente. O público não se fez rogado e, já bastante mais entusiasmado, respondeu ao apelo que lhe foi proposto. Ao mesmo tempo, fazia-se denotar que os temas escolhidos, para esta estreia no Fest, não eram de todo estranhos aos seus ouvidos. Não faltou, portanto, a primeira música de sempre da banda Full Damage, nem a mais recente Slaves’R’Us. Os The Year trouxeram energia extra e cumpriram o que lhes era devido!


Diretamente de Beja para o recinto do Casaínhos Fest, eis que era o momento de ver e ouvir os HochiminH, que já dispensam qualquer apresentação. Neste momento a gravar o novo álbum “This Is Hell”, com a ajuda dos seus fãs através de um crowdfunding, e em jeito de agradecimento, fizeram o que melhor sabem fazer: tocaram com garra e pujança digna do seu “carvão”! O metal industrial e o bom humor que caracteriza o vocalista João Ramos não deixa ninguém indiferente… para quem não saltou ou não deu o ar de graça no circle pit, pelo menos bateu o pé ao ritmo certo. Notícia que nos entristeceu foi a de que este seria o último concerto do baterista fundador, Pina. Desde já, desejamos-lhe toda a sorte.


A energia deste festival já estava em sentido crescente e eis que os W.A.K.O. vieram incendiar só mais um bocadinho com o seu death metal!
Nuno Rodrigues demonstrou, mais uma vez, ser um vocalista extremamente intenso, com uma energia inesgotável e, claro, nada o impediu de ir para o meio do público, como já vem a ser hábito. Este recebeu-o de braços abertos e brindaram-no com um crowdsurfing. Além dos temas mais antigos, tocaram também o single Perish, um adiantamento do novo álbum que está aí na calha. Aguardamos com ansiedade!


À medida que o sol ia fugindo, a temperatura ambiente baixou e o vento continuou a perseguir-nos. Mas a verdade é que ninguém arredou pé, pois o relógio dizia que a primeira banda estrangeira do dia estava para começar. Aqueles que se auto apelidam de The Danish Dukes of Thrash & Death Metal estavam prontos para detonar o Casaínhos Fest. A alcunha cabe que nem uma luva aos dinamarqueses HateSphere. O vocalista Esben “Esse” Hansen sabe como aquecer os fãs, sabe como agir e sabe como reagir! Tem um carisma absolutamente irresistível. Tanto que até conseguiu uma wall of death. Entre muitos outros temas, ouvimos Lines Crossed Lives Lost, Can Of Worms e um dueto com o Rui “Raça” Alves, da banda portuguesa Revolution Within, na Sickness Within. Duas “palavras” para este concerto: Bru-Tal!


Um regresso muito esperado era o dos Devil in Me. Pela terceira vez no Casaínhos Fest, o festival que os viu dizer adeus é o mesmo que os viu agora regressar com mais força que nunca. E o público deu a sua resposta não parando um único momento, apesar do dia já estar longo. Notou-se a ânsia que a plateia tinha por voltar a ouvi-los em cima do palco.
Além de revisitarem vários temas de álbuns passados, o “porta-voz” de Devil In Me falou dos anos negros (ou menos bons) e dos momentos bons da banda e apresentou o novo tema Celebration, como teaser do disco que estão a preparar. Não podia ter sido um regresso melhor!



A banda que se seguia eram os cabeças de cartaz Tara Perdida. Apesar de algumas complicações e a hora de início ter sido adiada por alguns bons minutos, a verdade é que toda a gente estava lá para eles. Esta banda, depois de ter perdido o seu vocalista João Ribas, a qual foi feita (e sempre será) a devida homenagem, poderia ter baixado os braços. Só que não!
A voz escolhida para tentar tapar a perda foi a de Tiago Afonso, conhecido como vocalista de Easyway e que já gravou os últimos dois discos. Ouvimos vários clássicos de Tara Perdida e foi-lhes oferecida de volta uma wall of death. Por fim, todos entraram na nostalgia da incontornável Lisboa.



A noite terminou com o thrash metal de nuestros hermanos Angelus Apatrida. Grande parte do público mandou a toalha ao chão e abandonou o recinto ainda antes da banda começar. O frio e o cansaço levaram a melhor!
Para quem ficou, a gratificação foi extrema: a banda espanhola prima por dar excelentes e enérgicos concertos e não foi desta vez que falhou! Por sua vez, os presentes na “arena” também não pararam com os [quase] constantes circle pits. A tour, que já os tinha trazido ao Music Box este ano, pertence ao mais recente disco “Cabaret de la Guillotine”, saído no ano passado, mas, como é óbvio, não se esqueceram do, já considerado hino, You Are Next.



O Casaínhos Fest nunca desilude! Este ano notou-se um upgrade nas condições técnicas no recinto. Este festival tem tudo para crescer ainda mais e dar cartas no circuito dos festivais metaleiros em Portugal. ‘Bora lá!


Texto: Sabrine Lázaro
Fotos: Ricardo Branco (todas as fotos das bandas AQUI / fotos do ambiente brevemente)


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