Depois de em outubro passado se terem visto obrigados a adiar os concertos de lançamento de “Juggernaut”, os Dollar LLama faziam a festa no RCA Club já depois de as terras algarvias terem tido a oportunidade de desfrutar desta pedrada de Stoner/Southern Rock.
As portas abriam um pouco mais tarde do que o previsto mas às 22 horas já os Albatroz faziam ecoar as primeiras notas na sala.
Apesar de terem encontrado uma sala muito despida de gente, o quarteto lisboeta não se intimidou e beneficiando de um bom som, arrancou para uma bela atuação, com forte foco no trabalho instrumental.
As sonoridades Rock e Shoegaze com que misturam a sua música, trouxeram para a sala um pouco mais de gente que pode participar numa viagem pelo trabalho de 2015 “The Road Less Traveled” e por temas mais recentes, com natural destaque para o novo ‘Building Bridges’, com a voz a fazer-se ouvir mais alto, ela que se refugiou um pouco nos outros temas.
A banda composta por elementos com experiência acumulada em bandas como Devil in Me, Dimension, Correia e Easyway, terminou a curta atuação com ‘Black Orchids’ despedindo-se com os merecidos aplausos dos mais madrugadores.
Com um misto de à vontade, energia e atitude, os Jackie D. deram início à sua atuação arrancando logo Headbangings e aplausos do público ainda em pouco número.
O grupo lisboeta congrega elementos de bandas como Barafunda Total, Grankapo e Custom Circus, e desde 2014 apresentam-se como uma das mais cativantes propostas de Rock na cena nacional. Com apenas dois trabalhos lançados, “Symphonies From The City” e o ainda fresco “The J spot”, a banda deu espaço aos dois na set list, tendo conseguido a primeira grande explosão de energia da noite com o single ‘Rat Race’.
Com alterações no alinhamento, nomeadamente um novo baixista, poderia ser expectável alguma falta de entrosamento, situação que não se revelou, a experiência de todos os elementos produz uma coesa e sólida execução de todos elementos das telas sonoras que pincelam através de uma contagiante entrega.
Rui Correia num registo vocal bem diferente daquele que leva para cima de palco com os Grankapo, manifesta-se um exímio vocalista, uma animal de palco que empresta com a sua voz a matéria capaz de unir todos os instrumentos. Particularmente neste último álbum, como se constatou em temas como ‘Yeah Yeah’, ‘Suck You’, ‘Explode’ ou ‘My Fantasy’, contagiando a plateia e adensando o movimento dos corpos.
‘This City’ fechou uma atuação que elevou o espirito de celebração e colocou o público no ponto de ebulição necessário para receber os senhores que se seguiam e motivavam a presença de todos naquela casa.
Os Dollar LLama são já uns veteranos na cena nacional, com mais de quinze anos de existência, dois E.P. e três álbuns.
Retornaram ao RCA Club para o lançamento do último trabalho “Juggernaut”, já depois de em 2015 aí terem lançado outra obra-prima de rock (report aqui) ( com influências no Stoner e nos Riffs do sul norte-americano, “Grand Union”. A perseverança aliada ao espírito de sacrifício e a capacidade de compor música de qualidade conduziu o conjunto até estes dez temas que desfilariam para satisfação da centena que aguardava junto do palco.
Sem supresas a set list estava destinada a percorrer de ponta a ponta “Juggernaut” deixando apenas espaço para dois "corpos estranhos", ‘Grand Union’ e ‘Noisecreep’ do trabalho anterior.
Começaram com ‘SemiGod’ e logo se sentiu a grande cumplicidade entre a banda e o seu público, com pronta resposta aos apelos de parte a parte, num ambiente de grande proximidade.
A voz de Tiago Simões adiciona com assertividade mais uma camada de complexidade àquela que os instrumentos criam enquanto lá atrás na bateria Pedro Cardoso toca com a competência e atitude capaz de o tornar um espetáculo dentro do próprio espetáculo, marcando o ritmo dos headbangings quando não é a abrasividade dos riffs no seu canto hipnótico que nos leva a flutuar por áridas paisagens. Quando tocam ‘Misery’ a intensidade dos heedbangings atinge um pico de intensidade como ainda não se tinha atingido naquela noite, mantendo-se o nível durante toda atuação.
Prosseguindo-se o desfile dos temas e de dedicatórias, destaque para o single ‘Nails’ possivelmente já um dos obrigatórios da banda, muito aplaudido e acarinhado pelos presentes e para ‘Noisecreep’ com uma sentida dedicatória ao falecido Zé Pedro.
Fecharam a noite com ‘Youth Riot’ com a temperatura da sala elevada e muitos aplausos a ecoar nas paredes da sala que os via sair de palco já com saudade.
Um ano muito produtivo em grandes lançamentos na cena rock\metal nacional que não nos dá tréguas, mesmo em dezembro não deixa de nos presentear com mais esta excelente obra dos Dollar LLama.
Esperamos em 2018 voltar a encontrá-los, desta vez com mais público, “Juggernaut”, é um álbum a descobrir.
Texto: Henrique Duarte
Fotos: Nuno Santos (todas as fotos aqui)