Os My Master The Sun escolheram o RCA Club em Alvalade para apresentarem, no dia 14 de Maio, o seu novo disco intitulado "A Arte Da Desobediência" e contaram com a preciosa ajuda dos O QUARTO FANTASMA e Earth Drive para uma noite de peso.
Os primeiros a subirem ao palco provinham de outras terras mais a sul. Conduzidos por um stoner rock musculado, muito graças ao seu último trabalho "Planet Mantra", manifestamente mais pesado e que continuam e bem a divulgar, os Earth Drive animaram as primeiras horas do serão musical, apesar de um espaço pouco composto.
Ainda assim, a banda do Montijo conseguiu ocupar esse mesmo espaço, trazendo pessoas para o seu interior, em virtude de músicas poderosas e orelhudas que fazem parte do último registo, como "Planet Mantra", "Jupiter Great Red Spot" ou "Standing Stone".
Liderados por Sara Antunes, com uma voz cada vez mais incontornável e contorcendo-se, no bom sentido, ao som do sombrio psicadelismo praticado pelos restantes membros, o quarteto nunca deu tréguas e despediu-se ao som de "Time Machine", tema do trabalho anterior "Known by the Ancients".
Os Earth Drive começam a ser de facto um caso sério no panorama do stoner nacional, pois revelaram uma forte presença e um grande à-vontade em palco, já que, nas palavras do guitarrista Hermano Marques, sentiram-se em casa, ou seja, no estúdio.
Depois do stoner psicadélico dos Earth Drive, chegava a vez do rock experimental e instrumental, mas igualmente pesado dos O QUARTO FANTASMA.
Assim sendo, e debaixo de uma atmosfera fantasmagórica, o trio iniciou a sua actuação com o tema "Ascensão", como tem vindo a ser seu apanágio, prevendo uma actuação em crescendo que se desdobrou a todos os momentos em riffs cósmicos e batidas hipnóticas, muito devido ao seu álbum "A Sombra", com malhas como "Parábola" ou "Elegia", mas também a trabalhos mais recentes como "Meia Voz" e "Vaga", perfazendo com este último tema um alinhamento portentoso.
Devido ao arrebatamento sónico que acabavam de absorver, o concerto terminou com os guitarristas André Góis e Paulo Diogo espojados no palco certamente em êxtase. E sabem que mais? Os presentes também acabaram por ficar assim. Extasiados.
Com um intenso fumo artificial que sobrecarregou uma atmosfera já de si pesada, a alegre introdução ao som de "Here Comes The Sun", dos Beatles, não foi ainda assim capaz de derrotar a matéria sombria e aversa à ordem social estabelecida patente nos temas de "A Arte Da Desobediência", o segundo registo dos lisboetas My Master The Sun.
"Assassimio", primeiro e longo tema do novo registo, espoletou nas hostes, que já compunham relativamente o espaço, um sentimento frenético que durou até final. Para isso contribuiu também e muito a enérgica atitude da banda em palco que desempenhou integralmente o seu álbum, salientando-se temas como "Cuspo" ou o rasgado "TV" que fez o há muito possuído vocalista Ricardo Falé invocar o mantra "A TV é um cancro" no seu jeito spoken word.
Quando já nenhuma força restava a cada corpo desobediente do público, pairou finalmente no ar "Pó", música do primeiro registo da banda.
De registo foi também a excelente actuação dos My Master The Sun e um álbum que, através das suas letras e impulsionado pela sua forte sonoridade, relembra a constante e necessária revolta do ser
humano. Um verdadeiro hino ao sludge, doom, psicadélico, como quiserem. Mas acima de tudo um
verdadeiro hino à música nacional.
Texto: Bruno Porta Nova
Fotos: Nuno Santos (todas as fotos aqui)
Agradecimentos: Raging Planet
Podes ouvir o novo trabalho aqui:
Texto: Bruno Porta Nova
Fotos: Nuno Santos (todas as fotos aqui)
Agradecimentos: Raging Planet
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