O evento, promovido pela Notredame Productions, contou ainda com os convidados especiais Inner Blast que se encontram, também, em fase de preparação do novo trabalho.
A noite quente, já em véspera de Verão e a convidar para as esplanadas, poderá ter sido a responsável por não termos visto casa cheia mas, ainda assim, a sala do RCA Club ficou bem composta por público admirador das duas bandas, que, aliás, se encontravam afastadas das lides dos concertos há já algum tempo.
De facto, podemos dizer que os lisboetas Inner Blast têm estado retirados mas a aprumarem-se. Não os víamos desde junho de 2014 e a evolução desta banda de metal gótico é notória.
Apresentaram-se visivelmente satisfeitos por voltarem ao palco e transmitiram esse entusiasmo ao público presente, na interação frequente que estabeleceram com ele.
A vocalista Liliana revela já experiência e domínio progressivo da voz, associados a uma excelente postura em palco e a uma tendência natural para o inesperado, nos gestos e na interpretação, o que contribui para uma atuação que mantém o interesse do público até ao seu final. Apreciámos os guturais e os momentos líricos, mais do que o registo das baladas. Não deixa de ser surpreendente esta versatilidade da voz de Liliana, sempre bem acompanhada por todos os elementos e, em especial, pelo bom trabalho do guitarrista Aquiles. Gostámos de ouvir os temas Time machine, Tears, e Darkest Hour, esta última responsável por headbang geral, e destacamos o novo tema Legacy, uma composição bem estruturada e muito bem interpretada.
A atuação de Inner Blast sugere o lançamento, em breve, de um trabalho interessante, que contamos acompanhar de perto, e no qual esperamos confirmar os sinais da evolução da banda que nos ficaram no ouvido.
Os Mons Lvnae depararam-se com um público entusiasmado e curioso para ouvir, ao vivo, o recente Lotvs. E não dececionaram. Os temas do novo álbum foram apresentados com grande segurança, numa atuação que foi crescendo em intensidade ao logo da noite, sem fatores dissonantes, revelando coesão entre os vários elementos.
São claras as influências de outras bandas female fronted metal e, contudo, Lotvs surge com personalidade própria, num quadro com pinceladas progressivas, algum toque doom, e fundo escurecido pela influência gótica, formando um conjunto perfeitamente harmonizado pela cor delicada da voz de Célia Ramos. Não deixa, contudo, de ser um trabalho bastante pesado, nem os restantes elementos o permitiriam, com destaque para a excelente bateria de João Paulo Monteiro e para os impressionantes solos da guitarra de Hugo Gomes.
O álbum sai a ganhar na apresentação ao vivo, e mesmo temas como Forsaken Angel, ou Careless Solitude, que não nos agradaram tanto no registo áudio, tornaram-se temas muito fortes, já que a voz de Célia Ramos adquire o destaque que merece e torna-os superiores, fazendo-nos, até, repetir o refrão. Já as faixas Venus in Decay, Don’t cry my name, e Queen of dead flies tiveram o brilho que esperávamos. Fall from Eden, lotus arises foi, quanto a nós, um dos melhores momentos do concerto, no qual a banda deixou bem vincado o peso do metal.
Ficou, assim, apresentado o novo trabalho de Mons Lvnae, com reação muito positiva da parte do público presente. No final da atuação, concluímos que o título Lotvs faz todo o sentido: o álbum conjuga a força e a delicadeza presentes na flor de lótus, para além de representar o estado de elevação em que a banda se encontra, de posse de todas as suas potencialidades. Foi uma escolha inteligente, complementada pelo artwork lindíssimo de Phobos Anomaly Design (Pedro Daniel), presente na edição física.
Texto: Sónia Sanches
Fotos: António Gaspar (todas as fotos aqui)