
Com uma nuvem a aparecer, os primeiros a pisar o palco nessa noite foram os espanhóis Obsidian Kingdom que surgiram por entre o infinito fumo. A sala ainda não se encontrava perto de estar cheia, mas também não era necessário pois os nossos vizinhos foram grandes o suficiente para engolir tudo e todos que se encontravam dentro da mesma. Last of The Light, The Nurse e Endless Wall do álbum que saiu este ano, Mantiis, fizeram parte de uma setlist que estava incrivelmente preparada para fazer o público português apaixonar-se pela sua sonoridade melancólica mas ao mesmo tempo dramática. As guitarras e o próprio teclista voavam pelo ar à medida que o ritmo era criado, quase como uma dança que prendia o nosso olhar e ao mesmo tempo, criava-nos uma vontade enorme de nos juntar-mos à mesma dança.
O concerto termina com And Then It Was, mas os últimos minutos foram completamente dedicados a uma criação perdurável de distorção que nos deixava a pensar "não terminem já". Após este curto mas gigante espectáculo, em que nada nem ninguém esteve parado, e quando digo parado, falo até da aceleração do nosso próprio ritmo cardíaco... Se a chuva ainda não tivesse concebido o melhor ambiente para esta noite que se avizinhava, agora já havia sido criado.


Com apenas três membros em palco, começam com uma melodia triste que é logo transformada num ritmo de bateria e baixo completamente arrebatador, juntamente com uma distorção de guitarra que completava toda a música. Estávamos então a ouvir Press Heavenwards! que inicia o álbum que havia saído este ano A New Nature, e que também dava início a um concerto apaixonante.
Dig Your Finger In, No Dog e The Jungle compuseram o concerto que se dedicava unicamente ao novo álbum. A noite já ia longa mas era impossível tirar os olhos de Rachel Davies, com o seu rosto completamente dedicado ao que cantava, assim como a sua voz que suspirava misantropia. Esta voz havia agarrado o público português que ao longo de todo o concerto mostrou um enorme respeito por aquilo que estava a ver e a ouvir.



Mais não consigo dizer, pois as palavras faltam-me. Que não se passem mais quatro anos, até que os Solstáfir voltem.
Texto: Mariana Pisa
Fotos: Joana Mendonça (todas as fotos abaixo, do nosso facebook)