Um evento com o carimbo Rockline já desvenda, por si só, uma aposta segura de uma grande noite, repleta de música de peso, bom ambiente e caras conhecidas que se vão cruzando nos eventos desta “tribo” ao longo destes anos.
Foi no passado sábado dia 12 de Setembro que decorreu o evento, no já conhecido espaço nocturno RCA Club, em Alvalade. Chegada à hora marcada, notava-se uma afluência ainda a conta gotas, um público ainda disperso mas com sede de convívio.
Pouco depois da hora marcada e com a sala ainda tímida, os Ho Chi Minh abrem as hostes como se estivessem perante uma casa cheia. Esta banda de Beja, que por diversos motivos tem estado afastada dos palcos, veio mostrar ao público (que em parte os desconhecia) o metal carregado de energia que criam há mais de dez anos. Ainda que na primeira música estivessem a ser “descobertos”, na segunda já umas quantas pessoas se tinham contagiado e deixavam o corpo acompanhar o som. Em palco tentaram puxar o público mais para a frente, quer através do apelo, quer através da descarga de adrenalina que impregnavam na actuação. O som com carácter industrial, cruzava o peso e agressividade com melodia. Houve ainda espaço para o vocalista dedicar uma música a elogiar as mulheres que vão aos concertos de metal. Mulheres ou homens, certamente que quem se deixou contagiar os quer voltar a ver mais vezes aqui na capital.
Setlist: My decline, Aside, Hope you never, The greatest, Reload, Way of retain
Skills and the Bunny Crew, segunda banda, segunda grande aposta por parte da organização. Mesmo sendo novidade para a maioria da audiência, o hip rock oriundo de Almada resultou numa sinergia bem disposta entre banda e público. Com influências em Mind da Gap, Rage Against The Machine, Jamiroquai entre outros, sobressaem as letras interventivas sobre a sociedade, política e também sobre o amor e sexo, que escorrem num flow natural, numa atitude em palco destemida. A sua mestria musical sob a forma de poemas conseguiu pôr muita gente a cantar.
Setlist: Hybris , Grita por mim, Como tudo começou, Sociedade dos porquês, Teatro de marionetas, Voz da revolta
Sem necessidade de grandes apresentações chega a vez dos The Quartet Of Woah, que muitos palcos têm pisado e são já considerados como uma das melhores surpresas da música portuguesa dos últimos anos. A banda lisboeta de rock psicadélico e progressivo com nuances de stoner rock tem surpreendido a cada actuação e esta terá sido talvez a sua apresentação tecnicamente mais conseguida. Por estranho que pareça os espectadores por sua vez estava mais inertes que o habitual…estariam demasiado embrenhados em captar o seu rock vertiginoso? Estariam já com ansiedade em ouvir o som mais pesado que se seguia? O certo é que os The Quartet Of Woah continuam a surpreender com a sua veia progressiva bem patente e brindaram-nos com a sua mistura explosiva cruzando as melodias com riffs agressivos, acompanhadas de três vozes e as desconcertantes certeiras teclas.
Setlist: The announcer, Taste of hate ,Master lever had a dream , Empty stream, Balance, Path of our commitment , Ode to liberty , U turn, Backwards firstliners
Chegada a hora do pesado Groove/Thrash/Death Metal dos W.A.K.O., o R.C.A. apresentava já uma casa bem composta, com a W.A.K.O. Army em peso nas primeiras filas. Um público expectante e ansioso recebeu de forma calorosa a banda que por diversas vezes agradeceu o apoio sentido. Com inúmeras actuações ao longo de quase 13 anos, ao lado de grandes nomes internacionais, o seu público é cada vez mais vasto e unido por uma grande empatia. É, sem dúvida, uma das grandes bandas nacionais! Neste sábado, mais uma vez, marcaram com uma atitude carregada de energia, intensidade poderosa, de quem entra para conquistar desde o primeiro segundo. O carismático e incansável vocalista Nuno Rodrigues muito incentivou ao agitamento da casa propiciando uma roda viva entre “crowd surfing” e “wall of death”.
Setlist: Shape of perfection, Abyss, Eternal Spiral, Ship of fools, Drifting beyond reality, Extispicium, Shadows colapse within, My misery, Coded message os death, Nihilist war god
Com a festa já bem quente, era obrigatório terminar com algo bem festivo. E quem melhor para abalar mentes e corpos que os non-sense “Quinteto Explosivo”? Esta controversa banda que, ou se adora, ou se odeia, não deixa ninguém indiferente. Com uma postura sarcástica, vestidos de fantasias, rock n´roll inquietante e letras de música carregadas de enxovalhamento à sociedade e moral, primam pela diferença e mesmo com pouco tempo de existência já não passam despercebidos. Com o público a bailar e a cantar, entre rolos de papel higiénico a surfar, a animação foi sempre a escalar.
Setlist: Canção de embalar, Super caralhão atómico, Fado futebol Fátima fodasse, Cabrão, Chupa chupa cabrão cabrão, Eu tu o meu caralho no teu cu, Cona cona cona, Tu levas no cu, Queres caralho vai ao talho, Cabrão, Sempre que te vejo, Warriors, Peace is dead, António, Sensual, Boias e encore (Fado futebol Fátima fodasse, Amandame côa paxaxa pus dentes e Queres caralho vai ao talho)
Uma noite com nota positiva, de uma organização que tem mostrado audácia e qualidade em tudo o que faz. Rockline Tribe queremos mais e mais noites como esta!
Texto: Inês Matos
Fotos: Igor Ferreira (todas as fotos aqui na página SFTD Made in Portugal)
Vídeo: Pequeno excerto do Youtube dos Quinteto Explosivo (mais a caminho)