A chuva resolveu dar tréguas a quem se deslocou a Alcântara para assistir a mais um regresso dos Anathema a Portugal, desta feita para mostrar o mais recente trabalho, 'Distant Satellites'.
Numa noite com lotação esgotada já anunciada, previa-se a romaria das grandes noites do Paradise Garage, e foi isso mesmo que aconteceu. A abertura das portas deu-se pouco depois das 20h, mas a entrada a conta-gotas, devido ao controlo de segurança revelava-se insuficientemente rápida para que todos pudessem assistir ao concerto de abertura.
Mesmo retardando a entrada em palco cerca de um quarto de hora, e havendo indicações para acelerar o processo de entrado no recinto, foi com a casa a meio gás, perto das 21h15, que os Mother's Cake subiram ao palco.
![](http://4.bp.blogspot.com/-Df47AVLe6qU/VDrx7Baa4xI/AAAAAAAAN04/1p2b5_OSfEI/s1600/10733149_10152365559001980_1743633709_o.jpg)
Iniciaram o concerto com o tema que dá nome ao álbum, com inicio instrumental, em que o efeito da guitarra soava a um órgão, pintando a paisagem com leves pinceladas, apoiada no potente baixo de Benedikt Trenkwalder e numa bateria desconcertante, num ritmo funk, de estrutura imprevisível, mas bem calculada.
![](http://1.bp.blogspot.com/-NI-Rgnm7I1k/VDrx42SGhGI/AAAAAAAAN0o/mUVcNvLuVfo/s1600/10722352_10152365145091980_2099832206_o.jpg)
Continuando por caminhos progressivos honrando os grandes dos anos 70, 'Night And Day' apresenta um rock grandioso, e sempre com muitas tonalidades.
Depois de agradecer em português anunciam a malha "Soulbrazen". É já com a casa cheia (finalmente acaba a fila que chegou a dar a volta ao quarteirão) que se despedem com 'Run Away', uma malha que faz em tudo lembrar os míticos The Mars Volta, naquele seu jeito de conjugar o peso com o funk e uma enorme electricidade em palco, fazendo que nem nos déssemos conta que já passaram 45 minutos. Minutos muito bem passados e, o que poderia ser uma escolha para banda de abertura um pouco arriscada, revelou-se aposta ganha.
Enquanto se esperava pela banda britânica, tentámos descobrir as novidades de espaço, uma vez que há uma nova gerência no Paradise Garage. Pela positiva, o regresso da cerveja a preços minimamente decentes, no entanto no aspecto da temperatura da sala e circulação de ar, mesmo com o público a acatar maioritariamente o apelo da banda para não se fumar no recinto, o espaço tornou-se rapidamente numa sauna insuportável. Apesar de várias tentativas não conseguimos encontrar uma única zona com ventilação de ar fresco, o que é um ponto urgente a rever, bem como a escassez de empregados nos bares para dar vazão a tantos clientes sedentos.
Ao nível de som, o PA é poderossísimo, talvez até com alguns decibeis a mais para o espaço, pelo menos no som das baterias.
![](http://4.bp.blogspot.com/-ZxS39z58nyM/VDrx20dRy0I/AAAAAAAAN0g/MEykwYUSd5Y/s1600/10677072_10152364995196980_1642125029_o.jpg)
![](http://2.bp.blogspot.com/-uH-DIMuM02A/VDrx2JE_yuI/AAAAAAAAN0I/bt8vUNqfDh4/s1600/10481364_10152364997296980_1850952241_o.jpg)
![](http://2.bp.blogspot.com/-0TJTnL1MKOE/VDrx29wpWOI/AAAAAAAAN0Q/RnglZf9quF0/s1600/10583716_10152364996031980_1708504870_o.jpg)
Antes de arrancarem a 'Lost Song Part 3' confidenciam-nos que foi em Lisboa que a trabalharam, com o novo bateria (e anterior teclista) da banda, o "nosso" Daniel Cardoso, a ter um papel importante na mesma.
É então anunciada 'Anathema' e, sendo esta uma música com o nome da própria banda, faz todo o sentido que tenha sido uma espécie de cartão de visita da banda, impregnado de ADN anathemático, incluindo um sentido solo de Danny, num dos melhores momentos apresentados nas novas músicas.
![](http://1.bp.blogspot.com/-wYUIJ2sBUtk/VDrx3UcYRbI/AAAAAAAAN0U/eaoS8UgsEBc/s1600/10720649_10152365687636980_527598116_o.jpg)
Após uma breve pausa, com o público (literalmente) derretido em simultâneo pela actuação e pelo calor, a banda- também com claros sinais de desgaste devido às condições do espaço - retorna ao palco com a formação inicial, para atacar um encore iniciado com a intro 'Firelight' antecedendo a música 'Distant Satellites', num dos momentos menos fortes da noite. Mas logo de seguida uma 'Natural Disaster' cantada em uníssono marcou outro ponto alto do concerto, e só quem lá esteve percebe o vibe que esta experiência acarreta. Não dá para descrever em simples palavras.
![](http://4.bp.blogspot.com/-cVBWOFy5RRs/VDrx6FRUy-I/AAAAAAAAN0w/Paa3rczdolc/s1600/10732119_10152365672261980_582318892_o.jpg)
Terminam com 'Fragile Dreams' num momento de celebração plena com o público.
Uma hora e quarenta e cinco minutos de concerto que ficaram a saber a pouco, como acontece sempre que não se quer que algo acabe.
Texto: Nuno Santos
Fotos: Joana Marçal Carriço (mais fotos no nosso facebook)