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Power to the People , o seu sexto álbum de originais, veio embrulhado em espectativa nos últimos meses face à sua especificidade – foi financiado através de um sistema pioneiro (mais uma vez) de crowdfunding, dando uma nova responsabilidade aos fans, que se mostraram fiéis e ultrapassaram o próprio valor tido como objetivo inicial (algo que não escapou ao Diário Económico ao contrário da comunicação social do género).
Marcaram toda uma geração pós-Seattle, e diferenciaram-se na onda do nu-metal, tirando algum proveito disso mesmo.
Hoje temos apenas Guillermo LLera (Vocalista) dos tempos do mítico Alternative Prison, mas Abel Beja (Guitarrista) é já acarinhado como sendo de uma formação clássica da banda.
«Seeds Among the Rain» , primeiro single do novo álbum, abriu um concerto com uma certa aura intimista devido às características da sala. O seu tom Reggae e a voz hipnotizante do vocalista comprovam que a sua sonoridade é mais madura e trabalhada, algo que agrada a um público que outrora fora adolescente e borbulhento, mas que agora têm barba rija e paga contas. Algo que se constata numa audição de Power to the People é mesmo um trabalho de produção bastante minucioso e que se comprovou ao vivo em temas como «Door nº5» e « The Reckoning Beneath».
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Os sorrisos esboçados nas caras da maioria na plateia retratavam uma certa nostalgia. Em tempos esta fora uma banda de grandes festivias, mas na noite de sábado, num défice da indústria e não da sua carreira, os poucos presentes (comparados com um Vilar de Mouiros) podem se sentir uns iluminados. A qualidade e originalidade são características que são incontestáveis.
«Gripped By Mind» retomava o pézinho de dança que acompanha este novo álbum. Um trabalho de sopro a cargo de 3 senhores que na backline mantinham linhas lindíssimas ao longo de hora e meia – haja folgo!
«Hipócrita» mais uma vez deliciou o público que perdia a réstia de vergonha que poderia ainda permanecer. E porque 20 anos não se resumem ao dois ou três álbuns, relembrou-se Tips and Shortcuts (1998) com «Object» e mais uma do Some of Us (2001) - «Beatdown», sem esquecer Pictures in the Wall (2005) com o toque latino de «El Caballero».
Houve ainda espaço para algo pouco comum nos seus concertos, uma cover. «Red Red Wine» do Neil Diamond foi o tema eleito, e engane-se quem pense que este tema pertence aos UB40 que, verdade seja dita, popularizaram o tema. Uma versão, perdoem-me a expressão, deliciosa que já tinha sido apresentada no mundo cibernauta.
«Shadow Man» e «Had I the Courage», estandartes de um Firescroll também cheio de pérolas a par o primeiro álbum (Alternative Prison), não poderiam faltar. Tentou-se uma subida ao palco, de forma caricata (como se pode ter uma ideia no vídeo) tal era o entusiamos de muitos dos presentes.
A recta final ficou a cargo da mais recente «Set Your Ash Down», cheia de sex-appeal na sua linha de baixo que promete vir a dar que falar nos charts nacionais.
O momento mais esperado da noite, e possivelmente de todas as noites da carreira dos Primitive Reason, é o imortal hino de uma geração «Seven Fingered Friend». Esta causou o delírio e as movimentações no público daí em diante teimaram em não parar. Um catalisador de massas sem prazo de validade.
«Higher Needs» e já velhinha «Devil in June», já num encore apoteótico, serviam-se em tom de despedida com Abel Beja a deixar tudo o que tinha deitado no chão onde momentos antes se descarregavam energias no Mosh-Pit. «Stand» revivalista, retomou o tom rapcore de outros tempos. Mais «ametalado» que os restantes temas do novo álbum, dava por terminado o concerto … ou não.
Pediu-se segredo, mas este segundo encore, que o Hard Clube não teve direito no dia anterior, foi demasiado entusiasmante para ficar esquecido. Sim sou um hipócrita ( e muito subtil ).
Que celebração. 20 anos com desejos de outros tantos.
No fim, os fans tiveram oportunidade de trocar algumas palavras com a banda que entre t-shirts e cds, deixaram no ar a ideia que os concertos não ficarão por aqui…
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Report, vídeo e fotos : Tiago Queirós