Dia 0 | Dia 1 | Dia 2 (12-Ago) | Dia 3
Na mata da Duna dos Caldeirões em Âncora, o dia amanhecia com nevoeiro e a frescura da brisa do mar aliviava o acordar estremunhado depois de dois dias de endurance de música, pó e calor.
No camping avistavam-se as correrías ao wc mato em modo de sobrevivência, tentando esconderem-se no arbusto mais próximo.
Por andar nesta vida dos festivais há bastante tempo, e sempre a acampar para não perder pitada dos eventos, mesmo com a falta de água e outras comodidades consegui ter algum conforto na minha estadia mas não evitou contudo, as looongas caminhadas para satisfazer as necessidades mais básicas.
A comunidade local foi a nossa salvação, visto o recinto do Âncora Praia Futebol Clube só abrir para wc's e duches a partir das 10 da manhã e fechava às 4 horas da madrugada. Então, a opção dos festeiros que acordavam cedo era aproveitar uma ida à Hamburgueria 24 para tomar o pequeno almoço ou uma ida às compras ao Hipermercado Intermarché de Âncora, que inclusive permitiu o estacionamento de muitas das viaturas no seu parque durante o evento, mantendo-o aberto e disponível. Estes comércios, como estavam mais perto do campismo, foram os que mais visitas dos festivaleiros receberam e que estes devolveram em simpatia e disponibilidade para ajudar, que nós muito agradecemos
Todos os comércios em volta receberam de braços abertos estes visitantes que mais de metade eram estrangeiros, e houveram momentos em que as pessoas já nem sabiam bem em que língua falar, se inglês, português ou o 'portonhol' que todos sabemos, no és verdad? Os comerciantes com quem convivemos durante estes dias, também falavam várias línguas facilitando a vida dos festivaleiros que chegaram, da Holanda, Bélgica, Irlanda, Espanha, Alemanha , Inglaterra, Israel e muitos outros.
Muitos dos músicos que actuaram nos dias anteriores também ficaram mais um dia ou dois, para verem os concertos que vinham a seguir e caminhando pelo passadíço até à Vila encontraram outras ofertas como restaurantes e cafés ou bomba de gasolina. Os meus vizinhos portugueses que acampavam com umas alemãs vindas de França, também foram à Vila Praia de Âncora comer a bela da sardinhada e deliciarem-se com uns percebes que encantaram as amigas estrangeiras. O vinho da região Alvarinho e as comidas típicas à beira mar, estavam devidamente divulgadas e degustadas como seria de esperar dos festeiros portugueses e naturalmente, encantaram os estrangeiros!
Neste dia, o calor rapidamente dissipou o nevoeiro matinal e a tarde foi quente, como não iria ter a companhía da Cristina Costa decidi ficar pelo camping e evitar torrar ao sol no recinto.
Como disse, esta reportagem teve outro compasso este ano e ao contrário de Moledo, daquele lugar no campismo, eu ouvia, e via se quisesse, perfeitamente o som dos palcos e o entusiasmo do público. Depois de almoço a conversa junto às tendas proporcionou um momento agradável, até que ao final da tarde o sol já permitia uma espreitadela no recinto.
Uma das razões porque gosto de acampar é porque me permite conviver, conhecer malta porreira, ter conversas e gargalhadas e perceber o outro lado do evento escutando no feedback o que estavam a sentir e a viver, naquele local mágico. Foi muito interessante encontrar neste grupo muito conhecimento musical, a geração dos 25+ está bem encaminhada e o que sabem sobre música e bandas é muito mais do que eu sabia na idade deles! Força malta, é com vocês que está o futuro! Partilhem a vossa sabedoría e ensinem a quem não sabe, como se faz!!
E foi isso mesmo, mais um festival que nos deixa a todos excelentes memórias de partilha e amizade psicadélica. Obrigada 'bizinhos' Tiago, Samuel, Daniela, Lara, Marcos, Stéphanie and Sis, Liliana, Luciana e o Luis e a muitos mais de quem recebi sorrisos e abraços, pelos excelentes recuerdos que ficam para a vida, vocês sabem quem são!
Isto, também é SonicBlast Fest por isso a resiliência dos campistas e da organização acaba por dar nota positiva a este evento, de onde ninguém arredou pé, até ao último dia!
by Denpa Fuzz
Depois dos concertos de Rosy Finch, 24/7 Diva Heaven, Luna Vieja, os repetentes The Machine e Green Lung, ainda apanhámos o final do concerto de Pigs x7 depois do duche refrescante, e o recinto estava ao rubro por volta das 19h!!
by Denpa Fuzz
Ainda tocava a banda Frankie and the Witch Fingers quando fomos jantar e reunir a Team para preparar a grande noite que nos esperava.
Sentíamos o conforto da noite com uma brisa morna a receber a multidão que crescera nesse dia, a lua cheia que nem um tamanco como se diz no Minho, enfeitiçava-nos a caminho do som das guitarras dos concertos que decorriam e risos no ar que chegavam até às portas do recinto, quando fomos ver os Conan, que vinham apresentar o seu mais recente trabalho 'Evidence of Immortality'.
Eis mais uma banda lendária que volta a casa, para repetir o seu transe doomesco sobre milhares de pessoas que assistiam.
Seguiam-se no palco os Witch com um excelente concerto com temas longos e carregados de encantamentos, que agitaram a multidão.
Muitos perguntavam quem são os Moura? Portugueses? Espanhois? Sim, são nuestros irmáns, é uma, entre muitas bandas da vizinha Espanha que participam neste festival! Trouxeram ao show o seu estilo peculiar de sons tradicionais de crenças, costumes e rituais dos galegos antigos fundindo-os com riffs de rock psych e progressivo, desenhando uma linha entre o passado e o presente de uma forma surpreendente, com o seu mais recente trabalho 'Axexan, espreitan'! Excelente show!
Por volta da meia noite soaram os riffs dos muito aguardados Electric Wizard, uma das vitórias da equipa de Garboyl Lives neste 10º aniversário e uma prenda há muito desejada por todos!
Um bandão que trouxe mais público ao recinto enchendo-o quase até ao seu limite e ecoaram estrondosamente na baía do rio Âncora e na Duna dos Caldeirões as guitarras de Liz Buckingham e o power carismático de Jus Oborn, colado ao baixo de Haz Wheaton e a batida infernal do Simon Lust que nos condenaram aos quintos dos infernos enebriados com as imagens distópicas de uma ninfa desnuda no painel interactivo do palco, espiando durante todo o concerto, os nossos pecados num ritual, adorando em veneração e headbang pendular a L.S.D.-Lucifer's Satanic Daughter. Que brutalidade!!
Foi com esta trip que entrámos logo a seguir noutra, com os Kaleidobolt a intóxicar o recinto com o seu speedrock old school que acordaram os presentes, até com uns estrondosos feedbacks que fizeram a multidão arregalar os olhos e circular, ainda enebriados, preservando na alma os sons reverb e baixos surreais, do concerto anterior.
No palco 3 finalizava a noite com os The Goners e os Deathchant que repetiram a actuação, encerrando ao rubro o recinto com as suas guitarras eclodindo no vale deste lugar, num tom de alto heavy skate punk rock exaltando os espíritos alucinados debaixo da lua, nesta noite maravilhosa!
Em breve a reportagem opinativa do 3º e último dia deste grande evento e algumas sugestões, conforme pedido pelo Ricardo Rios da Garboyl Lives, para o próximo ano, que já tem uma data alinhavada para os dias (9), 10, 11 and 12 de Agosto 2023!
Texto: Ana Neves aka Stanana
Imagem: Cristina Costa
Todas as imagens e vídeos exclusivos publicados nas redes sociais e canal YouTube da SFTD Radio