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30/08/2022

[Report] SonicBlast Fest apresentou no 1º dia de festa um cartaz de peso e cheio de vários estilos e cores do Rock. (pt.2/4)

 

 Dia 0 | Dia 1 (11-Ago-2022) | Dia 2 | Dia 3

 

 
Esta edição de SonicBlast Fest foi uma espécie de reunião de família onde a tribo, com idades compreendidas entre os 20+s e os 50+s, teve a oportunidade de rever a maioria das bandas que participavam neste evento e os mais jovens de verem ao vivo, bandas lendárias.
As repetidas presenças de Conan, Orange Gobling, Pentagram ou My Sleeping Karma e os grandes cabeças de cartaz os Electric Wizard compunham um alinhamento de excelência para estes 3 dias e tivemos tudo o que tínhamos direito, boa e nova música e a sensação de partilha transcendental durante os concertos, que só esta tribo sabe ter, contagiando-nos a todos.
 
 
O rock psicadélico enchia a baía do rio Âncora como que um alegre abraço e mesmo quem circulava ao longe com outros afazeres, ouvia perfeitamente o que se passava no recinto, talvez até melhor, visto a ressonância ser tremenda juntos aos palcos. Houve até quem pedisse earplugs, pois não era o reverb das guitarras que ouviam mas sim a ressonância das colunas de som e os feedbacks que teimosamente gritavam dos palcos, até eu que nunca uso, tive que os colocar para evitar ensurdecer neste evento. Mas, nada disso deteve as avalanches de público na roda viva das actuações durante aproximadamente 13 horas/dia non stop e as bandas devolviam em dobro, a animação recebida.

Os concertos da tarde foram tão bons quanto uma tormenta, sem sombras além de as dos palcos, das roulotes de comes e bebes e junto às redes que separavam os palcos no recinto, o pessoal não tínha muito por onde fugir e o sol torrava na curva da Duna dos Caldeirões onde o clube de futebol se situava. O pó no ar resultante da dança tribal, tornava-o irrespirável mas a animação era brutal, com os movimentos pendulares característicos destes headbangers e os crowdsurfings coloridos no meio da multidão.
 
Começamos por assistir a Pledge no Palco 3 junto à zona de roulotes de comes e bebes e esta era a banda que a Team SFTD queria mesmo ver apesar de ser cedíssimo. Os concertos começaram pouco antes das 15hrs e a maioria do público ainda estava no camping ou a caminho dos duches, à saída da praia. Mesmo assim a tenda do Palco 3 estava cheia de gente deixando muitos de fora debaixo de sol ardente, naquela hora crítica.
 
Depois de feito os check sound a vocalísta Sofia Magalhães Loureiro rasgou os céus com a sua voz potente e a banda com Vitor Vaz no baixo, o Hugo Martins na guitarra, o Vasco Reis nos sintetizadores e guitarra e o Filipe Romariz na bateria que mesmo com algumas dificuldades no som, entregaram o seu tema de abertura Sudden Urge com todo o seu power, um dos temas escolhidos do seu álbum de estreia Haunted Visions lançado em Maio de 2021 para este set, com os temas: Waves of Caos, Yard Birds, Despite Clarity, o potente Today I choose Life, e finalizaram com os temas Wrong Planet Syndrome, We All Die Alone e Oceans's Depth, mas foi com o trabalho anterior Resilience de 2018, com o tema Doom & Redemption que o público respondeu cantando com ela, ajudando a exorisar os nossos mais profundos demónios, libertando-nos, depois de 3 anos de clausura! Such a Blaaastt!!

 
Esta frontgirl é uma das poucas neste estilo Post Hardcore/Indie Sludge em Portugal e tem, com o seu sucesso, 'aberto portas' neste âmbito para outras vocalistas. Um estilo maioritáriamente cantado no masculino é um refrescante fenómeno o trabalho da Sofia Magalhães Loureiro, de aspecto doce e frágil mas com uma determinação potente de quem sabe o que está a fazer, arrasando todos os presentes com a sua voz e postura saltitante e simpática.
Acompanhamos esta banda quase desde o início e desde sempre que a sua forte presença em palco e a comunicação com o público é devolvida com moshes, saltos, dança e os inevitáveis headbangs cheios de energia dando-nos no final uma sensação de feliz descarga e é a meu ver, a sua assinatura depois de cada concerto.

Esta banda cabeira perfeitamente noutro horário mais tardio neste evento, sendo perfeita para abrir as hostes de uma das noites de um festival como este, mas mesmo com pouco público foi um showzaço deixando a todos presentes suados mas ao rubro e animados para o que viria a seguir.
 
Vejam o vídeo abaixo para perceberem melhor ao que me refiro.
 
 


Aproveitámos para cumprimentar a banda e pedir autógrafos no CD Resilience, que já esperava desde o último concerto que assiti, no Ruivo's Bar em Moledo. Obrigada pela simpatia de Todos e Obrigada Sofia pelo abracinho sentido!!
Desde 2013 que escrevo sobre este festival e houveram muitas bandas novidade portuguesas que por aqui passaram, esta é sem dúvida uma das mais brilhantes, consistentes no seu som e estilo e revolucionários com a imagem e arte da Sofia Magalhães, dando-lhes a cereja no topo do bolo. Depois de assinarem com a Raging Planet em 2021, espero que obtenham o reconhecimento merecido tocando em mais lugares do circuito do rock, mostrando a sua qualidade. Bons ventos os levem e desejo muitos sucessos!

Depois de uma pausa para recuperar forças, hidratar e comer algo voltámos ao recinto para os concertos nos palcos principais, que se encontrava ao rubro depois dos concertos de Madmess, The Devil and The Almighty Blues, Slomosa, King Buffalo, Meatbodies e W.I.T.C.H. que trouxe a cor vibrante do rock da Zâmbia de uma forma sublime e foi muito interessante ter esta banda, apesar de ter faltado um dos membros, num cartaz de um festival internacional mas essencialmente europeu do norte, como este. Mais surpresas sui generis iriam aparecer neste festival, fazendo-nos transportar para o seu mundo e aguçar a curiosidade sobre a sua cultura e foram assim de facto, muito interessantes algumas das participações deste evento.
Todas as bandas vieram com sets poderosos, que se ouviam perfeitamente no camping e foi interessante também ouvir alguns apontamentos de blues jazz rock que me fez lembrar o Frank Zappa pai da música de fusão rock, mas as dificuldades no som ainda se mantinham e, ora haviam desafinos nas vozes ou o desequilíbrio do som dos instrumentos, ou os agonizantes feedbacks, contudo, nada deteve a multidão e a festa, que nunca perdeu o seu brilho de alegria constante!

Os norte americanos Nebula acalmaram um pouco a euforia transportando o público para as suas viagens psych com spacy riffs fuzzientos embrulhando o público no loop headbang pendular com o seu set, deambularam pelo rock tradicional deixando o público sem saber o que fazer, foi uma primavera de estilos num só gig, captando a atenção da multidão em transe frente ao palco e que cantou em uníssono no final de um grande concerto revival, o tema 'All The Way'. 
 
 
Depois foi a vez de Stöner vindos do UK e fizeram a festa com o seu mais recente álbum 'Totally' com o seu Heavy Blues, Psych Rock, Stoner Jams e Desert Punk.
video stoner
by Cristina Costa 
    O público old school reconheceu de imediato as inspirações dos músicos que inevitávelmente trouxeram a este projecto, uma sonoridade especial do grupo composto por Brant Bjork (Kyuss, Fu Manchu, Brant Bjork Band) o vocalísta e baixista Nick Oliveri (Kyuss, Queens of the Stone Age, Mondo Generator) membros da banda lendária de stoner rock e com o baterísta de Brant Bjork Band, o Ryan Gut dando um excelente concerto.

Estavam de regresso os belgas Toxic Shock e o vocalista de hardcore crossover irrequieto aproveitou neste palco para dar o seu show habitual com o peito cheio de energia com saltos e tontaria, por vezes até perigosa desafiando a gravidade, mas que contagiou o público resultando na maior onda de mosh e crowdsurfing até ao momento. Uma descarga musical brutal que fez a Duna dos Caldeirões tremer.
 
Seguiram-se os estrondosos Slift e os portugueses Travo e os muitos esperados pela tribo metaleira os Cobrafuma fecharam a noite com o seu Thrash acelerado.

No camping os after parties animavam as noites enquanto outros descansavam para mais uma maratona de concertos no dia seguinte.

Em breve mais sobre este evento no Dia 2.

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Texto: Ana Neves aka Stanana
Imagem: Cristina Costa
 
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