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05/03/2019

[Report] Bury Tomorrow, The Year e ARY em Lisboa e Porto

Data dupla dos Bury Tomorrow em Portugal: A SFTD Radio marcou presença em ambos os concertos e deixa aqui o retrato dessas noites, numa reportagem a duas mãos, com fotos do concerto no Porto (Hard Club, no dia 25 de Fevereiro) e texto do concerto em Lisboa (no RCA Club na véspera).

Neste passado domingo o RCA Club preparou-se para receber a banda Bury Tomorrow, originária de Portsmouth, EUA, tendo por convidadas duas bandas portuguesas, os ARY e os The Year. Mais uma vez a SFTD Radio esteve presente para testemunhar e relatar o concerto.

A noite previa-se auspiciosa visto que, logo à entrada, uma fila como não se via há algum tempo junto ao RCA, formava-se até dar a volta à esquina da rua. Dentro da sala, bem composta e com muita malta jovem, começamos por ser apresentados à banda ARY com o seu rock electrónico e melódico.


A vocalista Erika Martins aproveitou a oportunidade para saudar o público e agradecer o convite para virem tocar ao RCA. Começaram por tocar a “If you never try you never know”, faixa do seu primeiro álbum “Drowning Inside”e logo de seguida a faixa “You’re History”, onde a banda arrancou uns valentes “oh oh oh” por parte do público.


Tenho que referir aqui que a vocalista teve um especial carinho por cantar “Bright Side”, notava-se o ar de puro prazer em cantar esta melodia. A banda percorreu a sua discografia ao longo de mais de meia hora e terminou a noite com a música “I wanna know”, quando pediu ao público para se baixar e cumprir a tradição de saltarem todos juntos, e não é que cumpriram mesmo?
 O concerto dos ARY terminou de forma alegre e com uma ovação efusiva por parte do público, com a certeza de um próximo regresso.

Uma pausa para uns ajustes técnicos e já se sentia na sala, além do calor, um burburinho porque iriam entrar em cena os The Year, banda portuguesa de sonoridade hardcore brutal.

A banda entrou em palco com uma energia contagiante e começou logo as hostilidades com a canção “Sweaty Palms”, que foi acompanhada pelo público com um bater de palmas entusiasmante. 
Logo ali se vê que estamos em frente a uma banda que não deixa nada ao acaso e que é uma máquina bem oleada e desejosa de mostrar o que vale. E mostraram do que são feitos. De puro aço. Trouxeram-nos canções do auto-intitulado “The Year” e também do seu mais recente trabalho “Beasts”. “Evade” foi o momento mais calmo da noite e com alguma emoção à mistura.

O momento da noite foi o muito esperado “Red Lights”, que recentemente teve o seu vídeo disponibilizado no You Tube e que arrancou coros por parte do público, que cantou em plenos pulmões com a banda. Muitos incentivos por parte do vocalista Johnny Disorder para que saltássemos e cantássemos mesmo que já fossemos mais “velhinhos”.


Para terminar tocaram a “Bastion”, (a tal do vídeo que pode provocar epilepsia), malha brutal e de arrancar saltos até ao mais plácido. Os The Year deram tudo de si neste final entusiasmante, com o público a acompanhar e já a suspirar pelo próximo concerto, com direito a palmas e tudo.

Nova pausa para mudança cénica e a ansiedade no público aumentava, ouvindo-se muitos sussurros, a questionarem-se se os Bury Tomorrow ainda demoravam muito.

Nisto as luzes apagam-se. Um troar soa pelo ar e entram os Bury Tomorrow em palco. Começam logo a abrir com a canção “No Less Violent”, primeiro single do seu último álbum “Black Flame”, que arranca do pessoal cânticos e instala-se uma alegria geral no espaço.


O espectáculo da noite tinha começado. Após término desta canção o vocalista Danni Winter-Bates conversou um pouco com o público, acerca deste último lançamento e que estavam em tournée a apresentá-lo, estando muito contentes com a receção ao mesmo e à banda.

Seguiram-se temas do álbum “Earthbound” tendo os americanos tocado, entre alguns temas, a faixa “Earthbound” que mais uma vez levou o púbico ao delírio. Cantávamos a alto e bom som as letras, acompanhando os dois vocalistas, Danni e ainda Jason Cameron, que canta os melódicos, e que, além de cantar com uma voz extremamente deliciosa, ainda toca guitarra, e que se renderam por completo ao público português, ao qual chamaram o público mais sonoro e entusiasta da digressão até agora.


Tivemos ali um momento interessante em que juntamente com todos os stage dive e crowdsurfing que iam acontecendo, numa determinada altura, alguém do público lançou-se para a multidão e fez com que o vocalista Danni se referisse como o “stage dive” mais cronometrado que ele viu na vida dele, pois os pés da rapariga saíram do chão exactamente no momento em que a música terminava.

Passaram ainda por “Overcast” deste último álbum e antes de tocarem a “Lionheart” de 2012, o vocalista falou com o público e referiu o carinho especial que a banda tem por esta música, visto que a mesma é dedicada a todos quantos tiverem fé neles e na música que fazem.

Por esta hora fazia-se sentir muito calor e a banda distribuiu, num gesto de solidariedade com o público, as garrafas de água que tinham. Uma pausa para umas quantas piadas sobre encores e terminam o concerto com um apoteótico final, tocando novamente “Black Flame”, no qual Danni salta do palco e, num misto de loucura e alegria, vai para o meio da multidão e sobe para o balcão do bar, canta e encanta, salta para o chão, vai até à mesa de mistura, onde cumprimenta e aproveita para tirar fotos com o público. 
Um final digno de um concerto que pautou por muita alegria, calor humano, cânticos, headbanging, imensos stage dives e muito crowdsurfing. Pode-se dizer que ninguém saiu dali insatisfeito. É certamente uma banda a acompanhar e a seguir neste futuro próximo.

Texto: Sabena Costa
Fotos: Cristina Costa (todas as fotos AQUI)