Foi na plácida noite do passado domingo em Lisboa, num turbilhão de emoções e num brilho fluorescente que estouraram os ‘mamutes’ do prog-metal, Mastodon. Este era o concerto que anunciava o final da tour europeia. A Sala Tejo da Altice Arena encontrava-se com uma moldura humana muito bem composta e, como não podia deixar de ser, a SFTD Radio marcou presença.
Uma primeira parte onde atuaram os Mutoid Man, banda que dispensa apresentações devido à extravagância do rock clássico com o hardcore e ainda as explosões de banda de garagem metodicamente calculadas.
Uma primeira parte onde atuaram os Mutoid Man, banda que dispensa apresentações devido à extravagância do rock clássico com o hardcore e ainda as explosões de banda de garagem metodicamente calculadas.
Composta pelo guitarrista dos Cave In, Stephen Brodsky, o baixista Nick Cageao e, a substituir Ben Koller (ex Converge), Chris Maggio (ex Trap Them) que encaixou perfeitamente no caos maníaco do setlist da noite, como diz o ditado ”o espetáculo tem de continuar”.
Com dois álbuns e um EP de grande qualidade, vieram a palco para nos mostrar e dar a ouvir tudo o que sabem fazer...
Para os que procuram pela cena ‘alternative-metal’, esta uma banda a ouvir e a seguir. Boa música e bons gigs!
A seguir chegaram os noruegueses Kvelertak, que ao longo de uma década construíram uma boa reputação, muito pelas suas performances ao vivo, tendo atuado em Portugal o ano passado na digressão dos Metallica no Altice Arena.
Com o novo vocalista Ivar Nikolaisen a assumir o comando e com apenas alguns espetáculos ao vivo, o desafio de se reafirmarem é constante. Percebemos o toque pessoal de Nikolaisen logo no primeiro tema, o contagioso “Åpenbaring” para deleite dos fãs, quer dos que já sabiam dos estragos que os Kvelertak podiam fazer ao vivo, assim como os que desconheciam a sua irreverência em palco.
Uma das coisas que gosto em Kvelertak é a capacidade de mesclarem sons entre o punk, o black/metal e o rock, funcionando na perfeição.
A postura de Nikolaisen era confiante e envolvente mas por vezes tornou-se um pouco desleixada. Espero que seja ainda a forma deste se encontrar no seu espaço e que esteja em pleno nos próximos .
De modo algum Kvelertak deixou de impressionar, com grandes malhas como 'Nekroscop', '1985', 'Fossegrim' e 'Blodtørst', onde apenas senti a falta de “Utrydd Dei Svake”, de tal forma que garantiram um público bem atento e entusiasmado, tão certo que saíram de palco sobre fortes aplausos.
E com estas prestações
que aqueceram o público, toda a gente se encontrava preparada para o que vinha
a seguir.
A antecipação para este
evento tinha sido agitada desde o seu anúncio e, isso espelhou-se nos rostos da
maioria dos presentes nessa noite. Esperámos pacientemente e com a respiração
suspensa para testemunhar a glória do mais recente álbum de Mastodon - Emperor
of Sand de 2017, que recebeu um Grammy em 2018 pela “Best Metal Performance”.
Após uma graciosa intro (Singing in the rain – Gene Kelly) e depois de alguns obrigatórios e sinceros 'hellos' dos simpáticos membros da banda, um sorridente Brent Hinds segura a sua Flying V ao alto, Brann Dailor se acomoda atrás da bateria personalizada, enquanto o baixista Troy Sanders e o guitarrista Bill Kelliher se preparam nas suas posições.
E assim somos confrontados olhos nos olhos com a besta, que nos carrega com o fantástico “Iron Tusk”. Era o apelo à horda que se encontrava na plateia. Corpos em convulsão, crowd-surfing e um coro uníssono, levavam a Sala Tejo ao rubro.
Sem hesitação, de seguida, submergimos de cabeça nos temas “March of the Fire Ants" e “Motherpuncher”, um triple-shot dos dois primeiros álbuns que cimentaram a reputação de Mastodon como uma genial banda de metal.
Nesta fase, tornou-se claro, estávamos presentes no que iria ser realmente especial nesta noite. O que se desenrolou de seguida foi uma sequência de sonhos ao longo de 90 minutos de pérolas e gemas raras, numa festa de imagens psicadélicas.
O público, deliciado, canta, salta e move-se conforme pode ao ritmo das músicas. A banda sente a adrenalina que paira sobre a plateia e trocam olhares e sorrisos entre eles, motivando-se a darem o melhor de si, para nós...e que bom estava a ser!
Nesta fase, tornou-se claro, estávamos presentes no que iria ser realmente especial nesta noite. O que se desenrolou de seguida foi uma sequência de sonhos ao longo de 90 minutos de pérolas e gemas raras, numa festa de imagens psicadélicas.
O público, deliciado, canta, salta e move-se conforme pode ao ritmo das músicas. A banda sente a adrenalina que paira sobre a plateia e trocam olhares e sorrisos entre eles, motivando-se a darem o melhor de si, para nós...e que bom estava a ser!
Tendo visto os Mastodon algumas
vezes, é sempre um prazer testemunhar a sua musicalidade e performance que às
vezes é simplesmente de tirar o fôlego, para dizer o mínimo.
A complexidade
progressiva encontra o seu caminho na atmosfera com o hipnotizante “Chimes at
Midnight”. Depois, bem, depois vieram aqueles instantâneos, entre os álbuns
mais recentes e os clássicos como “Steambreather”, “Sleeping Giant” passando
por “Toe to Toes” do EP ‘Cold Dark Place’.
O envolvimento do público com a banda é notável, cantavam o que sabiam e como podiam, mas sempre com o sangue a fervilhar e os olhos fixados no palco, entre luzes e banda...um clima fantástico e bonito de se ver.
Mas é quando passamos este açúcar todo, que Mastodon nos arrebata com as grandes e incontornáveis temas com “Black Tongue”, “Crystall Skull”, "Spectrelight", o tão esperado “Crack the Skye”, tema que dá o nome ao álbum, considerado por muitos como o melhor álbum de sempre da carreira dos Mastodon (i’m guilty) e o poderoso “Blood and Thunder”.
Infelizmente, não tivemos um encore nessa noite. Em vez disso, palavras de agradecimento pelo Troy Sanders e o mini-discurso de Dailor sobre como é satisfatório terem o seu próprio concerto, do que entrar em gigs como banda de suporte.
Mais agradecimentos e distribuição de baquetas pelo público (que bem mereceu). E foi desta forma que chegámos ao fim de uma soberba noite de metal, ainda com a promessa no regresso em 2020 já com um novo álbum.
Cá fora não se sentia frio algum, trazíamos o calor causado pelo concerto que tínhamos acabado de assistir. Sentia-se no ar um clima de satisfação e os comentários eram a prova disso.
Apenas um apontamento: espero que nos próximos concertos, o som seja o que eles merecem, aliás, o que nós merecemos, no entanto, não beliscou de forma alguma a performance da banda, como tal... No regrets!
Já estamos ansiosos pelo regresso, Mastodon.
Texto: Mário Ruy Vasconcelos
Fotos: Joana Marçal Carriço
Agradecimentos: Prime Artists
Agradecimentos: Prime Artists