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19/10/2018

[Report] Festival Bardoada e Ajcoi 2018 (primeiro dia)


Nos passados dias 5 e 6 de Outubro tivemos mais uma edição do Festival Bardoada & Ajcoi no Pinhal Novo. Dois dias com bandas de excelente qualidade e de vários géneros.


Desalmado, Decreto 77, Since Today, Nowhere to Be Found, The Year, Tales For The Unspoken, Besta, Revolution Within, Dapunksportif, Iberia e The Parkinsons

No primeiro dia pudemos contar com um Verão que teimava em ficar. Com várias opções na zona de restauração e aquele spot do tradicional pão com chouriço que nos aquece a alma só com o aroma, muita cerveja e merch disponível das bandas bem como outras “souvenirs” assim era a entrada deste já saudoso espaço.

Desalmado foi a banda escolhida para abrir este grande evento. A banda brasileira de grindcore iniciou assim a tour em Portugal do seu último trabalho "Save Us From Ourselves" que dá ainda um “saltinho” até Sevilha. Infelizmente o público não estava preparado para iniciar tão cedo as festividades e tardou em vir. No entanto a banda não se deu como rendida fazendo uma prestação exemplar.

Decreto 77 apresentaram-se de seguida ainda para um parco público, mas cheios de vontade e com muito bom humor. “És uma merda”, “My fucking ideals” e We Are Not Alone” tocada pela segunda vez ao vivo foram alguns dos temas que pudemos ouvir neste concerto animado desta banda de punk/rock de Almada.

O hardcore de Odemira foi representado e muito bem por Since Today. “Resist and Multiply” tema referente ao “crescimento do ódio na Humanidade” ou “Give Life a Chance” dedicado a Pedro Soares por ser parecido com o Brad Pitt,segundo Francisco Campos foram alguns dos temas que desfilaram.“O Inferno que nós vivemos na Ditadura disfarçada de Democracia ou na Democracia disfarçada de Ditadura onde somos todos fantoches” foi o mote para “Broken Heart”. Uma prestação cheia de energia que nos deixou com vontade de mais.

Nowhere To Be Found iniciou a chamar-se Insch em 2014. Uma banda com uma sonoridade muito particular, mas de excelente qualidade. A banda adicionou João Quintais à sua formação sendo este o seu segundo concerto com a mesma. “The Prey” e “Whenever You Call My Name” foram alguns dos temas onde pudemos constatar a competência destes “meninos”.


The Year é uma banda do Pombal com uma mistura de sonoridades entre hardore e metalcore que resulta muito bem. O foco desta atuação foi o novo EP: “Beasts”, a cargo da HELL XIS Records. Pudemos ouvir “Red Lights”, “Slaves “R” Us” que conta com a participação de Ricardo Dias (aka Congas de For The Glory) que infelizmente não pode estar presente neste concerto entre outros temas. Uma atuação coesa e energética em que chegamos a ter a companhia de Johnny Disorder por entre o público a instigá-lo. “Sweaty Palms” foi o tema escolhido para encerrar este belíssimo concerto onde tivemos ainda a oportunidade de ouvir o mais recente tema “Sylvester’s Not Alone” do novo trabalho.

Com uma sonoridade diferente Tales For The Unspoken apresentaram-se em palco com aquela garra a que já nos habituaram. Alternando entre os dois álbuns pudemos ouvir temas como “Possessed”, “Crossroads”, “Say My Name e ”Burned Alive” entre outros, com um Marco Fresco bem humorado e comunicador como grande frontman que é.

A banda está cada vez mais sólida e pudemos sentir o seu à vontade em palco assim como a sua partilha com o público. Não poderia deixar de terminar obviamente com N’takuba Wena” a ser cantado por todos os presentes. Grande concerto!

Representando pela primeira vez o grindcore nacional neste dia tivemos Besta que se encontra a acompanhar a tour ibérica de Desalmado durante o corrente mês. O concerto foi uma viagem alucinante quase sem pausas de uma agressividade extrema em que ficamos inebriados com os movimentos energéticos e erráticos de Paulo Rui. Pudemos mais uma vez constatar o porquê de ser uma das bandas preferidas do género neste concerto avassalador que não deixou ninguém indiferente. Assim é Besta!

Para quem já estava a sentir falta de um “thrashzito” poderosíssimo de fazer girar cabeças, Revolution Whithin não poderia ter chegado em melhor altura. “Suicide Inheritance”, “Revenge Now”, “ Pure Hate”, que deu origem a uma pequena mas convicta wall of death e “Stand Tall” foram alguns dos temas que fizeram mexer o pit. Mais uma excelente prestação desta fantástica banda que terminou com uma homenagem a Vinnie Paul: Vinnie onde queres que estejas espero que estejas bem”.

Dapunksportif vieram mudar o ritmo para um potente rock com uma pitada de stoner, mas mantendo o nível. O concerto foi concentrado no seu recente “Soundz of Squeeze’o’Phrenia” apresentado no início deste ano e onde fomos surpreendidos com Paulinho (RAMP) a dar um show de bateria deixando qualquer um de nós completamente hipnotizados. “Summer Boys” foi o tema de encerramento desta excelente atuação.
 
Ibéria é um nome que dispensa apresentações. Com um historial de 4 álbuns e 32 anos de existência já nem se põe em causa a enorme qualidade desta banda. E este concerto mais uma vez provou isso mesmo. “Much Higher than a Hope” foi o seu mais recente trabalho lançado o ano passado onde pudemos ouvir alguns dos temas. Está previsto uma edição especial deste trabalho com um CD bónus acústico até ao final do ano. A banda introduziu agora um novo elemento, Rui Gonçalves que veio acrescentar um toque especial à sonoridade da banda. Especial também foi a participação de Cristina Lopes. Que saudades já tínhamos de os ouvir!

A fechar a noite com chave de ouro tivemos os conimbricentes The Parkinsons, um nome também já incontornável do punk/rock nacional e não só. Com “The Shape of Nothing to Come” lançado em Abril pudemos ouvir temas como “The Shape Of Nothing To Come”, “Sexy Jesus” ou “Heavy Metal” com uma audiência em êxtase total. Afonso Pinto é sem dúvida um frontman excepcional e “mui sui- generis” que mantem um elo de ligação inquebrável com o público mantendo o “caos festivo” do princípio ao fim. E que bom que foi!

O dia foi marcado por um cartaz de qualidade em que a dificuldade foi sem dúvida escolher qual a melhor atuação. Felizmente não tivemos que o fazer e apesar deste primeiro dia ter contado com pouca gente, quem foi percebeu que fez uma excelente opção.

Texto: Margarida Salgado 
Fotos: Nuno Santos (todas no nosso FB, em actualização AQUI)