(c) Jorge Botas / Prime Artists |
Este não foi somente mais um espetáculo da lendária banda em Portugal, mas um dos mais aguardados pelo fato de ser o primeiro concerto de estádio da banda no nosso país.
A expetativa era enorme, tivemos a oportunidade de assistir ao primeiro Legacy Of The Beast Worl Tour ’18, no Altice Arena e após dois reagendamentos pelas razões que todos conhecemos, ei-los para mais um espetáculo “BESTIAL”.
Mas o Legado da Besta estendeu-se para além do palco...
Uma legião de metalheads tomou de assalto as imediações do Estádio Nacional para reencontros com amigos e claro para apanharem os melhores lugares à frente do palco. Aqueles parques de estacionamento eram o ponto de encontro, para uns picnics e onde se podia encontrar alguma sombra e enganar a torra do sol que se fazia sentir.
Para os fãs mais devotos da banda, ver a icónica banda é uma peregrinação obrigatória do metal, e muitos vieram de diversos pontos da Europa, falei com alguns e mesmo não percebendo tudo, havia uma linguagem universal Iron Maiden, heavy-metal e fazendo o gesto horns-up, yep fácil de entender.
Vestiam-se as t-shirts como se fosse uma farda de serviço, acho que nenhuma outra banda ou mesmo marca tem tantas t-shirts espalhadas pelo mundo como os Iron Maiden, e como prova a enorme parede com novos temas na bancada de merchandising oficial da banda, sem mencionar os stands que representavam os produtos fora do recinto, as filas de gente que se formavam para adquirir uma ou mais uma tee da banda, era uma loucura.
(c) Jorge Botas / Prime Artists |
Depois de algumas músicas de AC/DC antes do início do concerto, o público ia-se preparando para o que aí vinha. Às 18:30h o volume do som que saía daquelas colunas aumenta exponencialmente e as primeiras guitarradas e batidas começam a ouvir-se, com os australianos AIRBOURNE a irromperem no palco com uma energia estonteante que de imediato contagiou o público.
Com cinco álbuns às costas seria de esperar qualquer coisa de bom.
Banda formada por Joel O'Keeffe na voz e guitarra, o seu irmão Ryan O'Keeffe na bateria, Justin Street no baixo e segundas vozes e ainda Jarrad Morrice também na guitarra rítmica e segundas vozes.
Começaram brilhantemente com o tema 'Ready To Rock' numa performance que levou ao longo de todo o set. Isso só deixou claro o que a banda tinha em mente: dar um espetáculo memorável naquele final de tarde. Seguiu-se 'Back in the Game' e 'Girls in Black'. Nesta última, Joel não perdeu a oportunidade de se dirigir à multidão apelando à sua entrega, o que não foi preciso repetir.
Este estava a ser um excelente espetáculo de rock, que é o que se espera de uma banda de suporte. Se bem que acho que com o portfólio que têm, bem podem fazer digressões com cabeça de cartaz. São mesmo muito bons!
Com malhas 'Burnout the Nitro’, ‘Breakin' Outta Hell', ‘Live It Up’ e 'Runnin' Wild', no final, foram novamente ao máximo levando também o público ao rubro. Se nunca tiveram oportunidade de ver AIRBOURNE ao vivo, sugiro definitivamente que deveriam fazê-lo. Os australianos não só interpretaram os seus temas com muita força, como também ofereceram ao público um espetáculo que não esquecerá por muito tempo. Quem já viu os AIRBOURNE ao vivo certamente concordará. E para todos os outros: vejam assim que tiverem oportunidade.
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21:30h | Sobem a palco os WITHIN TEMPTATION com a bela e simpática Sharon den Adel a encabeçar o conjunto neerlandês do metal sinfónico. ‘Our Solemn Hour’ e o público de imediato se manifestou com os seus possíveis dotes vocais cantando a música. Claramente, se percebe pela reação do público que têm muitos fãs e que existe uma forte empatia entre o público e a banda, principalmente com Adel.
Embora os novos temas tenham sido apreciados pela multidão, foi o mergulho nos mais antigos que provocaram maior reação. No tema In The Middle Of The Night quando Adel decidiu testar as cordas vocais do Estádio Nacional, a multidão passou no teste, já que se soltava mais e se moviam pelo palco com mais à-vontade. O tema ‘The Reckoning’ do mais recente trabalho da banda “Resist” manteve a multidão com a mesma energia dos temas anteriores. A viagem de volta aos temas mais antigos continuou com ‘Entertain You’ e ‘Stand My Ground’ do álbum de 2004 “The Silent Force”.
Os fiéis seguidores de WITHIN TEMPTATION ergueram “cornos” juntamente com Adel.
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O som estava potente, e vinha aí mais um tema do novo álbum, ´Raise Your Banner’, intervalando ‘Supernova’ com as malhas ‘Ice Queen’ e ‘Mother Earth’, este último que dá o nome ao álbum de 2000 “Mother Earth”.
Nova pausa, e a preparação do palco para os Senhores que se seguem... IRON MAIDEN, claro!
Poucos foram os que arredaram pé do local onde estavam, somente os mais “aflitos” o fizeram.
“The Legacy of the Beast Tour” foi apontada como a maior produção da lendária banda de metal britânica até agora, uma variedade de artefactos, adereços e cenários deram vida às músicas dos IRON MAIDEN no palco.
Estavam mais de 30.000 alminhas atenta ao que se ia passando no palco.
21:00h | Um estrondo baixo anunciava a chegada da Besta. “Doctor Doctor” tema original da banda de Michael Schenker UFO soou como hino de abertura, despertando toda gente para gritos de “Iron Maiden". Dois ajudantes de palco apareceram à direita e à esquerda do palco, removendo as lonas que cobriam os amplificadores e monitores. As luzes apagaram-se ficando algumas a pairar sobre o palco, misteriosamente.
(c) Jorge Botas / Prime Artists |
Com um cenário ancestral japonês ‘Senjutsu’ é o tema do homónimo e recente álbum, que dá início àquele que iria ser um concerto perfeito. O público tinha os sentidos no que se passava em cima do palco, com um Bruce Dickinson e os restantes elementos a correrem de uma ponta à outra do palco, excetuando McBrain (obviamente), para além de querermos absorver os pormenores que faziam o cenário.
´Stratego’ foi a segunda malha deste alinhamento logo seguida por ‘The Writing On The Wall’ que vez o público vibrar e cantar em uníssono, mais parecia um dos temas mais antigos da banda. Ver um Eddie imponente vestido de guerreiro Samurai e de sabre na mão, foi simplesmente fenomenal.
Uma nota de maior importância: O som estava perfeito, brilhante e potente, pelo menos até ali à frente da régie. Eu estava rendido e contagiado com todo aquele teatro que me era oferecido, mais parecia uma peça dramática. Que bom poder revê-los!
(c) Jorge Botas / Prime Artists |
E esta malta no cimo dos seus 60 anos, rodavam pelo palco como se tivessem metade da idade. Impressionante!
As luzes apagaram-se e manteve-se um som de fundo, dando tempo a uma mudança de cenário.
“Scream for me Lisbon”... Sabíamos o que aí vinha, e sem demoras as primeiras notas e acordes de ‘Revelations’ do álbum de 1983 “Piece of Mind invadiram todo aquele recinto repleto de uma legião de fãs famintos, pelos sons que se alimentaram (alguns) durante 40 anos... Este era um concerto para eruditos.
Os dois temas que se seguem, ‘Blood Brothers’ e ‘Sign of The Cross’ de álbuns mais recentes, são tocados majestosamente e este último é uma composição que se destaca pelas variações de ritmos e tons dentro da mesma, e ainda aqueles cânticos gregorianos no início e a meio da música.
A troca de cenários aqui nem se fez sentir, e que lindo era tudo e a malta lá em baixo estava deslumbrada e hipnotizada, alguém ao meu lado emocionou-se de tal forma que não conseguiu conter algumas lágrimas. Mais uma vez... Perfeito!
Cansava-me só de os ver correr no palco, estavam imparáveis. Mas, até eu saltei juntamente com a multidão que seguia esses movimentos dos Maiden (já que correr de um lado para o outro era impraticável).
O tema que seguinte ‘Flight of Icarus’ também do álbum “Piece of Mind”era apresentado desta forma, um Ícaro gigante suspenso sobre o palco.
Os IRON MAIDEN não se pouparam a nada, e tudo que conseguissem fazer para elevar o espetáculo ao expoente máximo... fizeram-no.
O Bruce Dickinson deambulava pelo palco com um lança-chamas, cuja espetacularidade de efeitos era incrível. Não se podia pedir mais, mas a multidão queria mais.
‘Fear of the Dark’ foi o tema que se seguiu, para muitos (os mais novos) este é um hino da banda. Toda a gente vibra e toda a gente canta, sem exceção.
(Vídeo do canal youtube Susana Gonçalves, onde podem encontrar mais vídeos desta noite)
Ah! E que tal um pouco de “The Number of The Beast”?
‘Hallowed Be Thy Name’ é o primeiro tema do álbum a ser tocado, e eu estava arrepiado. O Bruce Dickinson estava como que encarcerado numa espécie de jaula, uma corda de forca desce e fica a balançar sobre o palco, a multidão canta a música do princípio ao fim, a plenos pulmões.
Mais um novo cenário para o tema que se segue, uma tela com um tom apocalítico e umas gárgulas que nos fixavam atentamente. A introdução da música não deixava dúvidas, era mesmo o ‘The Number of The Beast’, mais um clássico que não podia falhar.
Fomos levados a viajar no tempo, mais propriamente até 1980 para ver e ouvir o tema ‘Iron Maiden’ que dá o nome ao álbum debutante da banda.
É provavelmente o cenário mais incrível deste “Legacy of The Beast”, talvez como que uma homenagem a si mesmos. A cabeça da Besta suspensa sobre o palco é gigantesca e com um ar deveras intimidante. Não há como ficar indiferente a este aterrador cenário.
Estávamos a chegar ao fim desta epopeia, mas não sem antes tocarem um dos temas de bandeira (literalmente) da banda.
1º Encore: ‘The Trooper’ num cenário onde aparece o Eddie a segurar a Union Jack numa mão e uma espada ensanguentada na outra. Bruce Dickinson personifica esta imagem, fazendo o mesmo. De repente, a Besta entra em palco, sim, é o Eddie trajado a rigor para o tema e preparado para uma batalha desenfreada com os músicos... teatro do melhor, é só o que vos digo!
Quase no fim da música, Bruce Dickinson levanta outra bandeira, aquela que nos deixa orgulhosos e a apaixonarmo-nos ainda mais pela banda. Falo da bandeira Portuguesa, claro!
‘The Clansman’ era um tema esperado por muitos para este alinhamento, e era impressionante ver o público cantar o tema. Não há palavras suficientes para descrever a experiência de assistir a um espetáculo desta dimensão, em todos os sentidos.
‘Run to the Hills’ também do álbum “The Number of The Beast” é mais um dos temas obrigatórios em qualquer concerto de IRON MAIDEN que encerra o primeiro de dois encores.
Fez-se uma pausa um pouco mais demorada para uma nova troca de cenário para o 2º Encore.
Pois é! Um Spitfire irrompe do céu no Estádio Nacional e fica a pairar no palco enquanto a banda toca ‘Aces High’, o único tema do álbum “Powerslave”. E é com esta malha que terminam aquele que foi para mim o melhor espetáculo musical de sempre.
Obrigado IRON MAIDEN por uma noite mágica!
Texto e fotos (do público): Mário Ruy Vasconcelos
Agradecimentos: Prime Artists, e Jorge Botas pelas fotos oficiais do evento