O Casaínhos Fest há muito que é um festival obrigatório para quem gosta das sonoridades mais pesadas. Desde o metal ao punk e hardcore, tudo é possível ouvir aqui. Serve também para encontrar os amigos do costume e reencontrar aqueles que é sempre certo estarem por lá.
O local que recebe o
festival é, como habitual, o campo de futebol do S.C. Casaínhos, que
troca a bola pelos moshs e crowdsurfings. Este clube, juntamente
com a Câmara Municipal de Loures, Junta de Freguesia de Fanhões e o Tiago
Fresco da Associação Casaínhos Project são os responsáveis por este
evento, que tem vindo a crescer a olhos vistos.
A SFTD Radio
marcou presença no festival, com data do último sábado de Agosto, e fizemos
questão de vos dar um cheirinho do que por lá se passava em directo, na nossa página
de Facebook. Aqui fica, agora, o resumo de todas as 10 bandas que desfilaram e
respectivo ambiente.
Os primeiros do cartaz, a quem coube estrear o palco neste sábado
bastante quente, foram os Crab Monsters, vindos desde Castelo Branco. Como seria de esperar,
a plateia à sua frente ainda estava despida, mas a energia que brotava do palco
bem que nos fez esquecer esse… pormenor. Foram doze os temas que tocaram com
toda uma atitude old school, a fazer lembrar os anos 80, entre elas a
homónima Crab Monsters, Eat C.R.A.B. e finalizaram com a We
Love What We Kill. O mote da banda é “Somos da Beira Interior e não
temos medo de ninguém!”. Confirma-se! Quem não os conhecia, não vai esquecer mais.
O que vinha a seguir é
que apanhou alguns desprevenidos.
Seguia-se outra banda de
punk para aquecer, ainda mais, o Casaínhos Fest: foi a vez de
entrar em cena os Hard Punk Spirit a.k.a. H.P.S.. A introdução
foi feita pelo vocalista, o “tio” bastante carismático, que avisou os presentes que as
músicas que se seguiam “não lembravam a ninguém.”… e não lembravam! Mas
que grande bom humor em atitude e nas letras de cada tema! Desde H.P.S.
(Hoje Perdi os Sapatos), a Zombie Catita ou Verme Sanguinário,
todas fizeram saltar poeira e soltar gargalhadas! As músicas ficaram nos
ouvidos e a banda na memória.
Os terceiros da tarde foram os, também recentes, Maxila,
que ganharam o direito a invadir o palco do Casaínhos Fest
através do concurso de bandas em São João da Madeira. Donos de uma sonoridade mais
rock/sludge, a fugir um pouco às primeiras bandas, serviu para acalmar
um pouco as hostilidades. Um trio bastante competente e com um som
irrepreensível. Eles têm disponível digitalmente uma demo (desde Abril deste
ano) com 3 dos temas que tocaram: Digital Zombie, Imitations e Evaporated
Tears. Para quem ficou com curiosidade em vê-los num ambiente mais fechado,
já têm uma data marcada no Hard Club, em Dezembro.
Já com um álbum homónimo lançado e um EP editado em 2018, chamado “Beasts”,
era hora de hardcore com os The Year. Chegaram e chamaram
o público, já em maior quantidade, para a linha da frente. O público não se fez
rogado e, já bastante mais entusiasmado, respondeu ao apelo que lhe foi proposto.
Ao mesmo tempo, fazia-se denotar que os temas escolhidos, para esta estreia no Fest,
não eram de todo estranhos aos seus ouvidos. Não faltou, portanto, a primeira
música de sempre da banda Full Damage, nem a mais recente Slaves’R’Us.
Os The Year trouxeram energia extra e cumpriram o que lhes era
devido!
Diretamente de Beja para o recinto do Casaínhos Fest, eis
que era o momento de ver e ouvir os HochiminH, que já dispensam
qualquer apresentação. Neste momento a gravar o novo álbum “This Is Hell”, com
a ajuda dos seus fãs através de um crowdfunding, e em jeito de
agradecimento, fizeram o que melhor sabem fazer: tocaram com garra e pujança
digna do seu “carvão”! O metal industrial e o bom humor que caracteriza o vocalista
João Ramos não deixa ninguém indiferente… para quem não saltou ou não deu
o ar de graça no circle pit, pelo menos bateu o pé ao ritmo certo.
Notícia que nos entristeceu foi a de que este seria o último concerto do
baterista fundador, Pina. Desde já, desejamos-lhe toda a sorte.
A energia deste festival
já estava em sentido crescente e eis que os W.A.K.O. vieram
incendiar só mais um bocadinho com o seu death metal!
Nuno Rodrigues demonstrou, mais uma
vez, ser um vocalista extremamente intenso, com uma energia inesgotável e,
claro, nada o impediu de ir para o meio do público, como já vem a ser hábito.
Este recebeu-o de braços abertos e brindaram-no com um crowdsurfing.
Além dos temas mais antigos, tocaram também o single Perish, um
adiantamento do novo álbum que está aí na calha. Aguardamos com ansiedade!
À medida que o sol ia fugindo, a temperatura ambiente baixou e o vento
continuou a perseguir-nos. Mas a verdade é que ninguém arredou pé, pois o
relógio dizia que a primeira banda estrangeira do dia estava para começar. Aqueles
que se auto apelidam de The Danish Dukes of Thrash & Death Metal estavam
prontos para detonar o Casaínhos Fest. A alcunha cabe que nem uma
luva aos dinamarqueses HateSphere. O vocalista Esben “Esse”
Hansen sabe como aquecer os fãs, sabe como agir e sabe como reagir! Tem um
carisma absolutamente irresistível. Tanto que até conseguiu uma wall of
death. Entre muitos outros temas, ouvimos Lines Crossed Lives Lost,
Can Of Worms e um dueto com o Rui “Raça” Alves, da banda
portuguesa Revolution Within, na Sickness Within. Duas “palavras”
para este concerto: Bru-Tal!
Um regresso muito
esperado era o dos Devil in Me. Pela terceira vez no Casaínhos
Fest, o festival que os viu dizer adeus é o mesmo que os viu agora
regressar com mais força que nunca. E o público deu a sua resposta não parando
um único momento, apesar do dia já estar longo. Notou-se a ânsia que a plateia
tinha por voltar a ouvi-los em cima do palco.
Além de revisitarem
vários temas de álbuns passados, o “porta-voz” de Devil In Me falou dos
anos negros (ou menos bons) e dos momentos bons da banda e apresentou o novo
tema Celebration, como teaser do disco que estão a preparar. Não podia
ter sido um regresso melhor!
A banda que se seguia
eram os cabeças de cartaz Tara Perdida. Apesar de algumas
complicações e a hora de início ter sido adiada por alguns bons minutos, a
verdade é que toda a gente estava lá para eles. Esta banda, depois de ter
perdido o seu vocalista João Ribas, a qual foi feita (e sempre será) a
devida homenagem, poderia ter baixado os braços. Só que não!
A voz escolhida para
tentar tapar a perda foi a de Tiago Afonso, conhecido como vocalista de Easyway
e que já gravou os últimos dois discos. Ouvimos vários clássicos de Tara
Perdida e foi-lhes oferecida de volta uma wall of death. Por fim, todos
entraram na nostalgia da incontornável Lisboa.
A noite terminou com o thrash
metal de nuestros hermanos Angelus Apatrida. Grande
parte do público mandou a toalha ao chão e abandonou o recinto ainda antes da
banda começar. O frio e o cansaço levaram a melhor!
Para quem ficou, a
gratificação foi extrema: a banda espanhola prima por dar excelentes e
enérgicos concertos e não foi desta vez que falhou! Por sua vez, os presentes
na “arena” também não pararam com os [quase] constantes circle pits. A
tour, que já os tinha trazido ao Music Box este ano, pertence ao mais
recente disco “Cabaret de la Guillotine”, saído no ano passado, mas,
como é óbvio, não se esqueceram do, já considerado hino, You Are Next.O Casaínhos Fest nunca desilude! Este ano notou-se um upgrade nas condições técnicas no recinto. Este festival tem tudo para crescer ainda mais e dar cartas no circuito dos festivais metaleiros em Portugal. ‘Bora lá!
Texto: Sabrine Lázaro
Fotos: Ricardo Branco (todas as fotos das bandas AQUI / fotos do ambiente brevemente)