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22/08/2018

[Report] SonicBlast Moledo consagra-se como a meca do Stoner Rock em Portugal (Warm up e Dia 1)


Tivemos a oportunidade de assistir a mais uma edição do SonicBlast em Moledo, freguesia de Caminha no distrito de Viana do Castelo e este ano consagrou-se como um evento de culto obrigatório a nível nacional e internacional ao esgotar a sua bilheteira, um mês antes do acontecimento.

Acorremos à festa logo no Warm Up no dia 9 e fomos ver as bandas da noite no Ruivos Bar junto à praia. Duas outras bandas, os portugueses Heavy Cross of Flowers e os hermanos espanhois Sombra, haviam tocado no bar Paredão 476 no blast da tarde.

Era visivel a afluência massiva este ano e o lugar não podia estar mais cheio.
Depois de alguns acertos técnicos os Pledge entraram com toda a força em palco trazendo-nos o seu 'Resilience' iniciando a noite de concertos em alto e bom som!
A banda estreou-se em grande hardcore com uma sonoridade muito inovadora especialmente nas vocalizações de Sofia e musicalmente bem composta mas o público ao rubro, tinha pouco espaço para se expressar. As tentativas de crowdsurfing revelavam-se perigosas e poucos foram os que arriscaram com o espaço, vulgarmente dito, à pinha! Contudo o baixista da banda Vitor Vaz, natural da terra, voou sobre as cabeças da plateia tocando sem parar! Sem mortes nem feridos deram bom blast de concerto!!

O convivio era simpático e alegre e foi fácil conversar e partilhar ideias num ambiente tão amigável depois dos concertos tal como foi muito interessante encontrar vários músicos e amigos vindos de vários pontos do país, aqui no Alto Minho!

De seguida entraram os Acid Mess com o seu psicadelismo a adivinhar o ambiente esperado no evento. As conversas fluíram dentro e fora do espaço e sentimos que a expectativa era imensa e o sucesso do evento cumpriu todas, em pleno.

A festa continuou segundo relatos no camping, mas este ano foi um ambiente que não chegámos a experimentar. Foi com certeza mais uma vez um blast acampar pois além das boas condições oferecidas é uma ambiência muito especial aquela vivida na mata atrás das dunas da praia.

Na próxima edição não faltaremos à experiência!

Dia 1

Depois da correria para atender a vários compromissos profissionais durante todo esse fim de semana, eu esforçava-me para assistir ao máximo de concertos possíveis mas a parceira desta Team SFTD e fotógrafa Cristina Santos, captou a maioria dos momentos em fotografia que poderão visualizar na sua foto reportagem e à qual agradeço também, a sua inestimável colaboração e apoio durante todo o festival! Sigam o link!

Os Solar Corona, Desert Smoke e Atavismo abriram as hostes no Pool Stage que estava a abarrotar de gente quando chegámos a tempo de assistir ao concerto de Astrodome
É uma banda que já conhecemos de outros palcos e que nos trouxe o seu último trabalho "II" lançado no inicio deste ano, que têm vindo a promover em tour por vários países.
Os músicos de excelência encantaram a plateia junto à piscina e com a serra de Sta Tecla ao fundo embalando-nos nos temas e riffs de guitarra e deixaram-nos em êxtase. O calor apertava e a azáfama dos mergulhos na piscina enquadravam perfeitamente com os sorrisos provocados pelo som heavy jazzy psych rock vindo do palco.
Adoramos o facto de cada músico ter tido o seu momento de brilho, ao estilo das bandas doutros tempos, com os seus solos individuais finalizando o concerto num bliss cerebral emoldurado  por um local mágico!

Ainda em transe interpelámos o Kevin Pires para cumprimentar o talentoso guitarrista e teclista da banda e o filho da terra confessou-nos, que no final do evento regressarão à composição e gravação do seu próximo trabalho, estaremos atentos ao lançamento de mais umas viagens musicais de excelência e merecidamente aplaudidas com entusiasmo, pelo público!

Depois deste momento delicioso de música os olhos estavam postos na banda que ia tocar a seguir e a ansiedade sentia-se no meio do calor que nos atingia como bolas de fogo atenuadas pela brisa do mar que nos bafejava refrescando-nos no alto do varandim da colectividade.

Enquanto se afinavam os instrumentos muitos mergulhos foram dados, entre abraços e cervejas!

Depois dos 3 primeiros acordes..silêncio na audiência!
What a blast de rock! Ao estilo american funky blues tocado pelo guitarrista, acompanhado pelo balancé groovy do baixista e ritmos de tempos e contratempos desconcertantes da bateria dos Electric Octopus, deambulando entre o seu Driving Under The Influence Of Jams e o seu mais recente trabalho Line Standing de 2018 e em perfeita harmonia, caminhamos todos nas streets de Detroit com os músicos de Belfast e só demos conta do fim do concerto quando o guitarrista Tyrell Black soltou os tentáculos do seu rasta em riff e se desligaram por fim, os cabos das guitarras.


Em êxtase total vimos o recinto ainda connectado a não querer arredar pé mas os concertos no espaço ao lado estavam prestes a começar contudo o impacto deste concerto foi tal, que não foi fácil desligar! Excelente!

O recinto da piscina ficou vazio e limpo em pouco tempo pois o intervalo era curto e já se iniciavam os checksounds para os concertos no palco principal.
Rapidamente descemos aos aposentos para buscar agasalhos para a noite e jantar. As ofertas eram muitas junto à associação cultural incluindo a opção vegan mas a multidão dividiu-se entre o recinto do palco principal e o restante que desceu ao camping. As caminhadas eram longas.

Nunca tínhamos visto o recinto tão cheio num misto de cores, outfits e visuais ao estilo hippie freak que nos encantavam o olhar  transportando-nos para outros tempos áureos do rock.

As línguas faladas eram várias e parecia que estavamos numa capital do mundo onde toda a gente se entende. Esta união acompanhada de sorrisos e de simpatia é uma característica única e só encontrada aqui, no SonicBlast em Moledo do Minho.


Depois dos Conan subiram a palco os Ufomammut vindos de Itália que deram um concerto  de power doom metal que motivou vários crowdsurfings no final de tarde e inicio de noite, na apresentação do seu mais recente trabalho "8" e arrasaram com 'Warsheep'. 
O tema 'Core' teve direito a um vídeo recentemente foi o tema que mais provocou o público  expressando-se emdoom headbang, saltos e mosh desenfreado e alegre que resultou num excelente concerto!

Foi a vez de ver os Nebula e regressar ao imaginário americano com a banda que nos chegava da Califórnia, USA.
A mítica banda foi recebida com o recinto cheio e o público entrou em modo dança logo nos primeiros acordes. As cenografias, parte fundamental dos concertos deste evento, e luzes entravam-nos na alma transcendendo-nos para outra dimensão.
 
O local é perfeito e no anoitecer a serra quis abraçar o palco com a sua obscuridade no lusco fusco do cair da noite, criando o ambiente perfeito. 
Tocaram temas para os fãs fazendo uma viagem discográfica no tempo com temas como “Smokin’ Woman” dedicando-o às women presentes e “To the Center” retirado do álbum com o mesmo nome considerado pelos especialistas como 'A masterpiece of stoner rock'. Um concerto memorável que deixou-nos a todos ébriamente enublados e de espírito aberto para mais. 

Percorri o recinto para ir às barraquinhas comer qualquer coisa e este recebia mais uma onda enchente de gente que queria ver a fusão de progressive rock e krautrock de Causa Sui, uma das bandas nórdicas muito aguardadas neste evento e conforme pude constar foram um sucesso pois ouviam-se os aplausos efusivos vindos do vale da montanha. Entretanto a Cristina Costa estava lá e registou o momento!






Poderei com certeza afirmar que aquela performance que nos deixou satisfeitas nesta primeira noite foi sem dúvida a dos Samsara Blues Experiment.



Os músicos exímios nas melodias e sons vibrantes nas guitarras, regressam aos palcos do SonicBlast após a sua estreia por cá em 2012 e envolveram-nos no seu heavy doom psicadélico num ritmo e movimento pendular constante, do inicio ao fim do concerto.


Absolutamente delicioso o seu mais recente trabalho 'One with the Universe' que nos transportou em altos e baixos pelos caminhos do universo em perfeita harmonia.

Uma excelente actuação à qual o público se rendeu em reverência!


O momento sludge da noite, vindo da Alemanha, ficou a cargo de Mantar que fechou a noite de sexta feira e o cansaço já se revelava na Team, no entanto ainda fomos ver mais do ambiente, conversar com os brothers do metal presentes, cumprimentar gente e espreitar a tenda do merch que se encontrava dentro do recinto e o público no fim do concerto, encaminhou-se para o camping exausto mas não exangue e feliz por ainda não ter acabado esta grande festa.
No dia seguinte estariam prontos para mais!

Contaremos como foi o segundo dia em breve, fiquem atentos pois haverá uma entrevista surpresa!

Texto : Stanana aka Ana Neves
Fotos : Cristina Costa  (Todas as fotos aqui)