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12/07/2018

[Report] The Legends of Rock: KISS e MEGADETH em Oeiras

 Foram precisos 35 anos e uma longa volta olímpica ao Estádio Municipal de Oeiras para que os portugueses pudessem testemunhar ao vivo o rock-espetáculo dos Kiss. Desta vez com toda a maquilhagem e parafernália a que temos direito.


O quarteto desfilou a nata da sua extensa discografia com êxitos cantados em coro numa plateia claramente dada ao apelo nostálgico dos anos 80, quando já eram eles reis e senhores do show business.

A banda de Gene Simmons e Paul Stanley, agora acompanhados por Eric Singer e Tommy Thayer, subiu ao palco pouco antes das 22h, já com o Sol posto no horizonte.
No Golden Circle e em grande parte da extensa zona de plateia de pé, a circulação não esteve fácil: os Kiss foram recebidos por vários milhares de fãs e curiosos que não abdicaram do melhor lugar possível para assistirem aos lendários truques de palco que deram fama aos norte-americanos.

"Lisbon! You wanted the Best. You got the best! The hottest band in the World... KISS!"

Na sinistra escuridão que perdurou no intervalo entre Megadeth e o headliner da noite, pareceu-nos ter havido uma entrada em falso, remediada prontamente.
"Deuce" foi o primeiro tema de um concerto de duas horas e uma das poucas vítimas do PA, com claras dificuldades em alcançar o som ideal à partida.
Mas esse problema não se perpetuou, mesmo após uma "Shout it Out Loud" sem as imagens da banda nos gigantes ecrãs montados junto e no fundo do palco.
O carismático vocalista aproveitou para saudar a multidão e desde cedo se mostrou comunicativo com o público português. No entretanto a "máquina" de backstage ia tratando dos tropeções iniciais.
Foram problemas técnicos que se foram diluindo da memória ao passar de cada tema pois dela farão parte momentos como: "War Machine" com o seu riff heavy metal e as impressionantes chamas em palco; as "stunts" sem duplo de Gene "Demon" que em "Firehouse" cuspia fogo e em "God of Thunder" já cuspia sangue (enquanto solava no seu característico baixo) e era catapultado a uma altura pouco recomendado a pessoas com vertigens.
Já Paul "Starmen" não ficou atrás em "Love Gun", fazendo um impressionante slide para a Reggie onde tocou o tão aplaudido clássico.

Momentos de puro entretenimento ao mais alto nível com um palco demasiado pequeno para a megalomania da banda de inícios dos anos 70.

A forma com geriram o entusiasmo do público em cerca de duas horas de espectáculo serviu de lição aos mais novos.


O Rock de Estádio não se faz só de fogos de artifício, temas como "I Love It Loud", "Calling Dr.Love" e as inevitáveis "Lick it Up" e "I Was Made for Lovin' You" demonstraram que o seu repertório vive dias de grande aceitação e de saudosismo por parte daqueles que não se consideram fãs mas que aderiram à festa dos gigantes norte-americanos.
"Black Diamond" foi servido numa despedida em modo crescendo e já em encore "Cold Gin" e especialmente "Detroit Rock City" foram banda sonora da coroação dos Kiss em Oeiras (se bem que os rapazes ficaram com a ideia que estavam em Lisboa).

A fechar não poderia faltar a música que os catapultou para o estatuto que agarraram com unhas e dentes e que capitalizaram ao maximo:
"I Wanna Rock'n'roll All Night and Party Everyday" fechou com chave de ouro este primeiro dia de Legends of Rock. A música que melhor perdura no teste do tempo e de longe a sua grande vitrine, seja qual for a geração.
Os Kiss em 2018 podem nem ser um astro de relevância discográfica (mesmo sendo ela assustadoramente extensa) mas em Portugal provaram que o rock'n'roll é coisa de palco e esse é sem duvida o seu habitat natural.
A voz de Paul Stanley já foi melhor? Sim, mas creio que nunca foram os aspectos técnicos que deram brilho a esta carreira que, gostando ou não, é fabulosa.

A banda de abertura foi um luxo e um óptimo pretexto para muita gente comprar o bilhete: falamos obviamente de Megadave, perdão, Megadeth.
A nova formação de Dave Mustaine era a grande novidade que tinham para oferecer ao público português, que ainda não tinha tido oportunidade de escutar ao vivo os temas de Dystopia lançado em 2016.

Infelizmente o concerto que tanta gente queria ver (uma percentagem bem maior do que a normalidade das bandas de abertura tem em relação ao main event) ficou manchado pela fila interminável que custou em média 45 min de espera para entrar numa singular entrada que só após da mesma distinguia os sectores, inclusive o do Golden Circle.

Foram largos milhares que foram escutando clássicos como "Hangar 18", "Sweating Bullets", "Trust" e "Tornado Of Souls" do lado de fora do recinto.


Dentro a plateia despida que comprovou a pontualidade dos Megadeth nem sempre se demonstraram efusivos ou entusiásticos com os hinos thrash.

Os mais aficionados gostarão de terem saído um pouco das setlists convencionais com "The Conjuring" e "Take No Prisioners" assim como escutarem pela primeira vez os Singles "The Threat is Real" e "Dystopia".
No entanto, por muito simpático que estivesse o lendário líder da banda, com uma visível boa disposição e com uma voz acima do que apresentou em algumas das últimas passagens por Portugal, o concerto simplesmente não foi vivido na plateia como desejaríamos que tivesse sido.

Nem "Peace Sells" nem "Holy Wars" conseguiram arrancar pouco mais que um mini pit e algumas vozes soltas (ou seriam apenas as nossas?!) a cantar estes hinos da história do metal mundial.


Vic Rattlehead fez-nos a sua habitual visita, Kiko Loureiro provou ser a maior mais valia da banda norte-americana hoje em dia e Dirk Verbeuren demonstrou que se Adler era um polvo este é igualmente um animal selvagem de baquetas mas mãos. Será que teremos blast beats no próximo álbum?!
David Ellefson dispensando apresentações provou-se, como seria de esperar, um senhor em palco.
Concerto profissional, com um som diminuto e sem grande parte do público. Assim não se fazem milagres. Esperemos que da próxima venham finalmente em nome próprio e sem prestar contas a mais ninguém senão eles próprios pois desta vez não deu nem para aquecer.

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Texto: Tiago Queirós
Fotos: Everything is New/ Nuno Conceição