Os Primitive Reason passaram pelo Ritz Clube no passado sábado, 30 de Março, e a Songs for the Deaf Radio não quis ficar de fora e juntou-se à festa. 20 anos de carreira, celebrados com novidades e com alguns clássicos, de uma banda que sempre se demonstrou única no nosso país.
Power to the People , o seu sexto álbum de originais, veio embrulhado em espectativa nos últimos meses face à sua especificidade – foi financiado através de um sistema pioneiro (mais uma vez) de crowdfunding, dando uma nova responsabilidade aos fans, que se mostraram fiéis e ultrapassaram o próprio valor tido como objetivo inicial (algo que não escapou ao Diário Económico ao contrário da comunicação social do género).
Marcaram toda uma geração pós-Seattle, e diferenciaram-se na onda do nu-metal, tirando algum proveito disso mesmo.
Hoje temos apenas Guillermo LLera (Vocalista) dos tempos do mítico Alternative Prison, mas Abel Beja (Guitarrista) é já acarinhado como sendo de uma formação clássica da banda.
«Seeds Among the Rain» , primeiro single do novo álbum, abriu um concerto com uma certa aura intimista devido às características da sala. O seu tom Reggae e a voz hipnotizante do vocalista comprovam que a sua sonoridade é mais madura e trabalhada, algo que agrada a um público que outrora fora adolescente e borbulhento, mas que agora têm barba rija e paga contas. Algo que se constata numa audição de Power to the People é mesmo um trabalho de produção bastante minucioso e que se comprovou ao vivo em temas como «Door nº5» e « The Reckoning Beneath».
Os primeiros aplausos da noite deram lugar a dois clássicos, «Sage» e «Kindian». Temas que dificilmente ficam na ponta da língua devido ao rapcore algo difícil de cantarolar mas que ecoa na cabeça dos fans há anos suficientes para tentarem as sílabas tónicas aqui e ali.
Os sorrisos esboçados nas caras da maioria na plateia retratavam uma certa nostalgia. Em tempos esta fora uma banda de grandes festivias, mas na noite de sábado, num défice da indústria e não da sua carreira, os poucos presentes (comparados com um Vilar de Mouiros) podem se sentir uns iluminados. A qualidade e originalidade são características que são incontestáveis.
«Gripped By Mind» retomava o pézinho de dança que acompanha este novo álbum. Um trabalho de sopro a cargo de 3 senhores que na backline mantinham linhas lindíssimas ao longo de hora e meia – haja folgo!
«Hipócrita» mais uma vez deliciou o público que perdia a réstia de vergonha que poderia ainda permanecer. E porque 20 anos não se resumem ao dois ou três álbuns, relembrou-se Tips and Shortcuts (1998) com «Object» e mais uma do Some of Us (2001) - «Beatdown», sem esquecer Pictures in the Wall (2005) com o toque latino de «El Caballero».
Houve ainda espaço para algo pouco comum nos seus concertos, uma cover. «Red Red Wine» do Neil Diamond foi o tema eleito, e engane-se quem pense que este tema pertence aos UB40 que, verdade seja dita, popularizaram o tema. Uma versão, perdoem-me a expressão, deliciosa que já tinha sido apresentada no mundo cibernauta.
«Shadow Man» e «Had I the Courage», estandartes de um Firescroll também cheio de pérolas a par o primeiro álbum (Alternative Prison), não poderiam faltar. Tentou-se uma subida ao palco, de forma caricata (como se pode ter uma ideia no vídeo) tal era o entusiamos de muitos dos presentes.
A recta final ficou a cargo da mais recente «Set Your Ash Down», cheia de sex-appeal na sua linha de baixo que promete vir a dar que falar nos charts nacionais.
O momento mais esperado da noite, e possivelmente de todas as noites da carreira dos Primitive Reason, é o imortal hino de uma geração «Seven Fingered Friend». Esta causou o delírio e as movimentações no público daí em diante teimaram em não parar. Um catalisador de massas sem prazo de validade.
«Higher Needs» e já velhinha «Devil in June», já num encore apoteótico, serviam-se em tom de despedida com Abel Beja a deixar tudo o que tinha deitado no chão onde momentos antes se descarregavam energias no Mosh-Pit. «Stand» revivalista, retomou o tom rapcore de outros tempos. Mais «ametalado» que os restantes temas do novo álbum, dava por terminado o concerto … ou não.
Pediu-se segredo, mas este segundo encore, que o Hard Clube não teve direito no dia anterior, foi demasiado entusiasmante para ficar esquecido. Sim sou um hipócrita ( e muito subtil ).
Que celebração. 20 anos com desejos de outros tantos.
No fim, os fans tiveram oportunidade de trocar algumas palavras com a banda que entre t-shirts e cds, deixaram no ar a ideia que os concertos não ficarão por aqui…
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Report, vídeo e fotos : Tiago Queirós