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06/11/2014

[Report] Breakdown Metal Fest 2014 @ SREF, Feijó

No passado sábado, dia 1 de novembro, a Sociedade Recreativa Estrelas do Feijó (SREF) recebeu o primeiro Breakdown Metal Fest, organizado pela Breakdown Records. O festival contou com a presença de seis bandas emergentes no cenário metaleiro português, compondo um cartaz que sofreu várias alterações mas que se apresentou, na sua versão final, com as seguintes bandas (por ordem de atuação): 13After, Frost Legion, Derrame, 11th Dimension, Wall of Death e Karbonsoul. A participação dos eborenses Karseron esteve prevista até ao dia do festival mas impedimentos de última hora impossibilitaram a sua presença. 
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À hora marcada para o início dos concertos (cerca das 16h30m), era notória a pouca afluência à SREF, o que não impediu, no entanto, que as bandas subissem ao palco, dessem a conhecer o seu trabalho e enchessem a sala com a sua “garra”, mais do que com público.
A banda de Elvas, 13After, abriu o festival e apresentou-nos o seu thrash metal, com um repertório ainda em formação, enriquecido com covers de temas como Beber até Morrer (Ratos de Porão) ou I hate you (Slayer). Deste modo, a voz poderosa de Bruno Ucha (bem assistida pela voz do baixista Rissol) deu corpo a uma setlist variada, na qual não ficaram a perder as composições originais. Destacamos Pray for War e Vai uma Mini, esta última porque, em português, lhe ficou muito bem, na nossa opinião.
Seguiram-se os Frost Legion, banda lisboeta de black/thrash metal, que marcaram a diferença em palco com as suas vestes negras e pinturas faciais que, aliás, se ajustaram bem ao rescaldo do Halloween. Apresentaram temas do seu álbum de estreia, lançado em janeiro pela War Productions, intitulado Death of Mankind. Destacamos, precisamente, o tema com o mesmo título. A audiência, ainda que reduzida, manteve-se e reagiu favoravelmente à brutalidade do som da banda.
Cerca das 18h45m, os lisboetas Derrame encerraram a primeira parte do festival, alterando fortemente o ambiente da sala. A voz cavernosa do vocalista Pedro Sousa não deixou ninguém indiferente e foi durante esta atuação que vimos o público, já aquecido pelas bandas anteriores, e um pouco mais composto em número, a reagir com entusiamo. O som poderoso da banda e as vocalizações guturais deste homem, que revela entrega total em palco, transportaram os presentes para o verdadeiro Holocausto Atómico, um dos temas do EP Crawl to Die, lançado em setembro deste ano. Foram oito temas de demolidor death metal, dos quais destacamos ainda a faixa-título Crawl to Die e Necro Messiah.
Às 21h, pontuais, estavam prontos a atuar os 11th Dimension. Tal como os Frost Legion, esta banda integrou recentemente o cartaz do Breakdown Metal Fest, na sequência dos cancelamentos de Burn Damage e Above the Hate. Podemos afirmar que a substituição por 11th Dimension foi uma escolha feliz. Esta banda lisboeta de metal progressivo ganha pela variação sonora que trouxe ao festival ao apresentar os temas que compõem o seu EP Odyssey, lançado em maio deste ano. Os temas (dos quais destacamos (Shades of Personality) foram, de facto, apresentados como um relato de viagem, resultando num EP conceptual, no qual a voz doce de Diana Rosa e a delicadeza dos seus longos cabelos contrastam com a força transmitida pelos restantes elementos da banda (com destaque à baterista Filipa Simões). A banda consegue surpreender com temas que primam pelo inesperado, pela ausência de uma estrutura tradicional, bem ao jeito do subgénero que praticam. O resultado é um trabalho interessante, ao qual estaremos atentos, Rapunzel.
E voltámos ao death metal. A banda lisboeta Wall of Death não deu tréguas durante toda a atuação, tomando conta da sala da SREF. Apresentaram os temas que compõem o seu segundo EP Dementia Enhances Understanding, lançado em abril de 2014, pela Breakdown Records, e fizeram-no com tal entrega e energia que temos dificuldade em destacar um ou outro tema. Gostámos especialmente de Femme mas, na verdade, toda a atuação foi poderosíssima. O público reagiu com grande entusiamo a esta banda que se apresentou com a atitude forte e convincente do vocalista Rafael Costa e com um novo baixista (João Arcanjo), com apenas uma semana de ensaios. Não vemos limites à continuação e evolução positiva deste trabalho.
Finalmente, Karbonsoul. Com o público já cansado e a aproximar-se a hora marcada para o final dos concertos, o quarteto de Sintra conseguiu, mesmo assim, despertar os presentes com os seus 45 minutos de death metal. Aliás, a fantástica atitude da vocalista Muffy, que incentivou à participação do público do início ao fim, não deu alternativa. O tempo de que dispunham foi rapidamente sugado e aproveitado até ao último minuto com uma atuação que surpreendeu, ou não fosse o aparelho vocal de Muffy algo singular e inesperado, pertencendo a uma figura aparentemente frágil. As suas vocalizações guturais, complementadas com uma boa atitude e entrega em palco, e bem acompanhadas pelo trabalho global dos restantes elementos, marcam esta banda como um nome a reter, e cujo percurso continuaremos a acompanhar.

Terminou com nota positiva o primeiro Breakdown Metal Fest, apesar da fraca afluência que estará, certamente, relacionada com outros eventos de destaque agendados para o mesmo dia. A SFTD esteve, de pedra e cal, do início ao fim, gostou e espera regressar para o segundo. Salientamos que o espaço dos concertos, apesar de modesto, ofereceu boa qualidade de som às bandas participantes. Felicitamos a Breakdown Records pela iniciativa, a SREF pela forma como recebeu o público e se preparou para o evento (até refeições quentes serviu no bar) e deixamos ainda um agradecimento especial à Anabela Ventura. Até breve. \m/

Texto: Sónia Sanches
Fotos: António Gaspar

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